ANDRÉ SILVA
A Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros do Lourenço (Coogal) tem três dias para cumprir exigências de contenção do rompimento de uma barragem no garimpo do Lourenço, em Calçoene, a 374 quilômetros de Macapá. Parte dos rejeitos se aproxima do rio Araguari, segundo avaliou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A informação foi repassada em coletiva nesta sexta-feira (19), no Comando Geral do Corpo de Bombeiros.
Uma força tarefa composta por agentes de órgãos federais e estaduais foi até a barragem e observou alguns pontos críticos que podem provocar uma tragédia ambiental, acabando com as vidas em rios que estão à frente da barragem.
Três deles estão no caminho dela, são eles: o Reginá, Caciporé e Araguari. Dois deles – Caciporé e Reginá – já recebem diretamente os rejeitos há anos, segundo o Ibama, resultado da atividade garimpeira na região.
Durante um sobrevoo feito por helicóptero, o Ibama identificou que parte do rejeito está chegando ao Araguari. O instituto informou que serão realizados testes na água para saber quais os tipos de metais estão depositados ali.
“Ele já chega no Araguari como um fenômeno semelhante ao encontro das águas. É possível você ver a cor diferente do rio quando ele entra no Araguari. Nesse trecho que sobrevoamos não existe comunidade estabelecida, mas a água está sendo levada para o Araguari e serve de captação para diversas comunidades e hidrelétricas”, falou Márcia Bueno, chefe da divisão técnica ambiental do Ibama.
Ela não soube precisar, mas acredita que já tenha presença de metais, como mercúrio, arsênio e cianeto neste rio. O resultado da análise da água leva tempo para ficar pronta, segundo Bueno, pois são poucos laboratórios que fazem este tipo de avaliação no Brasil.
Ação para prevenir o rompimento
A cooperativa de garimpeiros que atua no local recebeu três notificações com três propostas de ações emergenciais para evitar o desastre. A primeira, que tem três dias para ser cumprida, é a drenagem do local que acumula água acima da capacidade. O volume da água aumentou devido o período de chuvas.
A outra, consiste em uma ação mais direta na estrutura da barragem onde seriam colocados blocos de rocha para aumentar a segurança do local. A cooperativa tem dez dias para cumprir a atividade.
A equipe identificou que a cooperativa não construiu a estrutura da barragem de acordo com as especificações regidas pela Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT). Por isso, terá de construir uma nova barragem e desativar a que está em uso.
“Essa barragem não foi feita dentro dos padrões. Com isso, acreditamos que venha sanar totalmente o risco de rompimento da barragem”, informou Cleane Pinheiro, geóloga e analista do Instituto de Meio Ambiente do Amapá ( Imap).
Defesa Civil
O coronel Frederico Medeiros, assessor técnico da Defesa Civil, esteve no local buscando informações sobre a existência de comunidade no caminho da barragem. Ele afirmou não haver moradores naquela área.
“A comunidade do Lourenço está intimamente ligada com a drenagem do rio Reginá, onde não existe barragem. No caminho do barramento, que a gente chama de igarapé La bouri, não existe presença de comunidade”, assegurou o coronel.