CÁSSIA LIMA
A Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Amapá (MP-AP) classificou como péssimo o atendimento nos hospitais de Macapá. Uma inspeção às quatro unidades localizadas na capital, na sexta-feira (29), verificou que, além dos problemas antigos, como superlotação e falta de medicamentos e no HE um médico de plantão não quis atender.
Promotores do MP junto com gestores da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) visitaram as dependências dos hospitais da Criança e do Adolescente (HCA), da Mulher Mãe Luzia, de Emergência (HE) e o Pronto Atendimento Infantil (PAI).
A pior situação foi constatada no Hospital de Emergências de Macapá. Além de encontrarem um médico que se recusou a atender pacientes, o MP identificou que os exames laboratoriais não funcionam, os exames de imagens só atendem a quem está internado e o problema de superlotação continua.
“A gente se deparou com muitas pessoas no corredor. Vimos oito pacientes esperando médicos que não estavam no hospital, mas estavam com o nome no plantão. E até os que estavam no sobreaviso não estavam trabalhando”, disse a promotora de Justiça Fábia Nilci.
A situação considerada desumana pelo MP resultará em medidas cautelares, segundo a promotora. O profissional que se recusou a atender pacientes será processado por desacato à autoridade e omissão, disse.
“Eu me deparei com uma pessoa que estava baleada há 7 dias, com tomografia em mãos, mas sem a avaliação do neurocirurgião”, ressaltou.
A proposta das visitas era verificar se houve melhoria no atendimento à população. Na maternidade, além de não ter ocorrido ampliação da UTI, ainda existe superlotação, duas mães têm filhos em um único espaço, a sala de pré-parto não tem água e existem baratas na unidade.
“O hospital da criança é o que está em situação menos complicada. Mas as obras estão paradas, só existem 10 leitos pediátricos para o estado todo, e o que foi acordado de ações ajuizadas não está sendo cumprido”, disse a promotora.
A visita ainda verificou falta de remédios essenciais, como anti-hipertensivos, antibióticos, corticoide, surfactante e misoprostol, que é utilizado para indução de parto. Com isso, aumentam o número de cesarianas.
O MP vai realizar inspeções e visitas constantes nas unidades hospitalares da rede pública para ter um diagnóstico sempre atualizado das condições de atendimento.