O Amapá em caixas

O Estado tem tudo para ser um grande entreposto mundial de contêineres
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Por RICARDO FALCÃO, vice-presidente mundial da Praticagem

Semana passada, mencionei a vantagem estratégica do Amapá para a futura implantação de um porto de contêiner. Importante salientar que a visão a ser explorada é de um hub port, um porto concentrador de cargas, vocação natural da região próxima à Itaubal.

O primeiro ponto a ser explorado é o acesso náutico, que permite o calado máximo de 11,58 metros, medida limitada pela Barra Norte do Rio Amazonas, logo após o Canal do Curuá.

Quanto ao comprimento total e boca (largura) dos navios, não há qualquer limite máximo, pois os maiores navios do mundo podem vir à região. Sendo assim, este calado não é um problema do ponto de vista comercial, para o setor de contêiner, mesmo que não haja dragagem visando seu aumento.

O segundo ponto é a corrente do Rio Amazonas na região. Diferentemente de Santana, aonde a corrente chega a valores de pico próximos a 5 nós de velocidade, na região de Itaubal está limitada à faixa de 3 nós. Esta vertente do estudo do canal de acesso nos diz que, utilizando-se rebocadores adequados, e dentro de parâmetros de segurança, podemos ter operações da praticagem praticamente ininterruptas, gerando “janelas de operação” muito adequadas ao setor.

Frente da cidade de Macapá. Fotos: Ricardo Falcão

Distância do futuro porto de Itaubal para a cidade de Macapá. Foto: Reprodução/Google

O terceiro ponto é uma necessidade do setor de contêiner para se desenvolver plenamente: “retroárea”. Todos os portos de larga escala, que tornaram-se operações comerciais bem sucedidas, possuem uma extensa faixa adjacente, destinada exclusivamente à movimentação de contêineres através de “portêineres” (do porto para o navio) e de “transtêineres” (interno dentro da retroárea). Isso porque a carga fica preparada em grupos, para a sequência de navios, permitindo agilidade e rápida movimentação, gerando ganhos em escala.

Porto do Açu, no Rio de Janeiro: operações sem transtorno para áreas urbanas

Enquanto em outros setores do comércio marítimo alguns atrasos são parte da operação, um navio porta-contêiner pode vir a abandonar carga no porto, para uma próxima escala, visando não atrasar nos portos seguintes.

O quarto ponto que a região permite é a instalação de grandes fábricas, logo após a faixa necessária à retroárea. O fato de não haver uma cidade com povoamento já instalada na região, permite que se separe, desde o planejamento, lotes destinados ao futuro aproveitamento de uma região industrial, exatamente como foi feito em Porto Açu, no Rio de Janeiro e em porto Prince Ruppert, no Canadá.

A indústria deseja que não haja obstáculos entre ela e o porto, permitindo uma operação que não atrapalhe o descanso da população, não haja caminhões circulando dentro de áreas urbanas, com engarrafamentos, complicações e restrições.

Ricardo Falcão: Itaubal tem inúmeras vantagens

O fato de a região de Itaubal ser pouco explorada, lhe confere muitas vantagens potenciais, porém não significa ser determinante para o sucesso. Se políticas de preparação não forem feitas, com áreas corretamente escolhidas e preparadas, pode ser que a ideia naufrague antes de começar.

Mesmo com tudo isso, ainda existe um outro ponto vital para o setor de container que precisa ser resolvido: Os contêineres vazios!

Abordarei o problema e a solução na sequência.

Seles Nafes
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