JÚLIO MIRAGAIA
Andar equilibrado no muro da escola, esperar ansiosamente a hora do intervalo, merendar mingau, sopa e outros pratos no refeitório. Trocar apelidos. Esses e outros hábitos são comuns na rotina dos primeiros anos da vida escolar. As recordações desses tempos vão se perdendo em alguns casos, mas hoje, com o auxílio da redes sociais, há também muitos reencontros de turmas de escola.
Esse é o caso dos ex-alunos da escola da rede estadual que um dia se chamou Castelo Branco, hoje denominada José Firmo do Nascimento. O grupo voltou a se encontrar 25 anos depois, na tarde de sábado (24), no prédio da escola. Mais especificamente na sala de aula onde tudo começou. Para o reencontro, foi providenciado o uniforme da época, o que provocou a sensação de nostalgia entre os presentes.
A unidade de ensino, localizada no Bairro do Trem, mudou de nome em 2010 e chegou até a receber um movimento crítico de ex-alunos e vizinhos que desejam que o estabelecimento volte a ter o nome antigo. Entre os argumentos estão a referência de localização e a tradição.
Como tudo começou
A turma cursou o ensino fundamental entre os anos de 1986 e 1993. A criação de um grupo de Whatsapp deu início aos restabelecimento de contato. É o que conta uma das alunas da época, a hoje enfermeira Ângela Vaz, de 38 anos.
“Desde janeiro encontrando colegas dessa época, estava com a ideia de fazer um grupo de Whatsapp para que todo mundo se reencontre. Estão todos casados, com suas famílias e nunca mais ninguém se viu”, disse Ângela, que era uma das mais novas da turma por ter iniciado a primeira série aos 6 anos de idade.
A enfermeira contou que alguns colegas mantiveram contato de forma rara e foi a partir daí que o grupo se consolidou como um ponto de referência. Foi possível reunir na rede social 45 ex-alunos até o momento.
“A turma gostou da ideia. Fizemos alguns momentos de ir na frente da escola e tirar fotos. Teve um sábado que alguns foram e tiramos algumas fotos e as pessoas começaram a manifestar vontade de entrar na escola”, recordou.
De volta à sala de aula
Ângela Vaz e seus colegas decidiram então entrar em contato com a direção da escola para pedir entrada no prédio e relembrar os momentos. A administração autorizou o grupo que então marcou o primeiro reencontro no sábado, já com a ideia de irem todos trajando o antigo uniforme.
“Os vizinhos quando nos viram com o uniforme disseram que estão querendo que volte [a escola] a se chamar Castelo Branco. Estão se organizando, fazendo abaixo assinado por ser uma referência para o bairro e as imediações o nome antigo”, disse Ângela Vaz.
Durante o reencontro no sábado, a turma andou pela unidade de ensino e recordou de alguns lugares que eram marcantes, como a escada e o refeitório. Um registro fotográfico foi feito do momento com todos os presentes. De acordo com os ex-alunos, na época, como não havia a facilidade de hoje em obter uma fotografia, não há praticamente nada registrado.
Travessuras
O momento trouxe ao grupo, hoje a maioria com idade entre 38 e 40 anos de idade, as lembranças de casos curiosos, como o de um colega que foi apelidado de “Homem Borracha”.
O garoto recebeu o nome depois que, em uma brincadeira andando no parapeito da escola no segundo andar, ele caiu. Rapidamente, o menino teria se levantado, apesar de estar meio tonto, dizendo que não tinha sentido nada. Outro caso que assustou, na quarta série, foi uma menina que andava se equilibrando no muro da escola e caiu, fraturando um braço.
Mas não foram apenas sustos. A maioria das recordações foram das brincadeiras de bola, elástico, dos lanches, como laranjinha com rosca, macarrão com sardinha, etc.
Novo encontro, agora com as famílias
Além de ficarem guardadas com a turma, as fotos serão usadas para uma apresentação que acontecerá no próximo reencontro, já agendado para o dia 6 de abril. Será um momento para renovar a amizade e no qual cada um levará sua família, segundo a turma.
O evento será num parque-buffet, localizado no bairro Pacoval, na zona leste de Macapá. Na ocasião, para manter o saudosismo no ar, a turma estará novamente uniformizada para novas fotos com os colegas que não puderam estar no último sábado.
“Pensei que as pessoas não iam gostar. Todo mundo adulto, com mais de 20 anos passados e mais um grupo no Whatsapp. Geralmente estamos em muitos grupos de pessoas que não temos contato há muito tempo. Mas foi o contrário. Esse grupo ficou muito ativo e as pessoas ficaram muito felizes de poder se reencontrar, de poder estar juntos de novo. Parece que a gente voltou no tempo, lembrando as brincadeiras e muitas histórias engraçadas”, concluiu a enfermeira Ângela Vaz.