ANDRÉ SILVA
Dois prédios estão no centro de uma queda de braços entre a prefeitura de Macapá e governo estadual. Eles estão prontos há mais de quatro anos e foram construídos para abrigar duas creches. Fechados, os dois deixam de atender a 500 crianças.
As creches ficam localizadas na zona norte de Macapá: uma no novo Horizonte e a outra no Bairro Renascer, ambas com obras finalizadas em 2014.
Os imóveis foram construídos com recursos oriundos de emenda parlamentar, e a informação é de que o governo executaria a obra, e, depois de prontos, os prédios seriam repassados para a prefeitura.
O Município alega, no entanto, não ter condições de arcar com os custos de pessoal e de mobiliários.
A agricultora Eline Barbosa, de 35 anos, mora no Bairro Novo Horizonte há mais de seis anos. Ela tem um filho de 4 anos e cria o neto de um ano e meio. O marido e ela sobrevivem da colheita de taperebá e do cultivo de horta. A mulher lamenta a situação dos prédios, e diz que um já foi alvo de depredação.
“Já foi levado tudo dessa creche. Agora, fizeram uma reforma, botaram tudo de novo, mas, até agora, nada de inauguração. Se funcionasse, seria uma benção para nós. Meu filho está fora da escola porque não consegui vaga”, falou a agricultora.
Camila de Oliveira Nunes, de 28 anos, moradora do Bairro Renascer, disse que não trabalha porque não tem onde deixar a filha de dois anos e meio.
“Preciso sair para trabalhar, mas não tenho com quem deixar a minha filha mais nova. Sem uma creche, fica impossível”, reclamou a dona de casa.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que não pode receber apenas o prédio, sem móveis e professores.
A Secretaria de Estado da Administração (Sead) informou que os papéis para a entrega do prédio já estão prontos, e que aguarda apenas um posicionamento da prefeitura para que a solenidade de inauguração aconteça.