ANDRÉ SILVA
A defesa da família de Willian Natividade disse que pretende responsabilizar o Estado, caso seja comprovada a sua execução por policiais. De acordo com o advogado Carlos Evangelista, há indícios de que o detento foi executado. Ele disse também que a família de Natividade está sofrendo ameaças de morte, mas não soube dizer de onde elas estão partindo.
O infrator foi morto ao resistir à prisão e, segundo a polícia, tentar disparar contra um sargento no dia 22 março, no Bairro dos Congós, zona sul de Macapá. A equipe de militares atendia denúncia de que ele estaria aterrorizando com arma de fogo uma área de pontes.
Natividade tinha passagem pelo Iapen por roubo e cumpria uma condenação no regime semi-aberto. Segundo o advogado, ele estava trabalhando de carteira assina desde setembro de 2017, mas não aparecia no emprego há mais de um mês.
Carlos Evangelista afirmou que existem provas robustas contra os quatro policiais que atenderam a ocorrência. Ele cita os dois vídeos, que já estão na posse da promotoria que investiga o caso, e em um deles, segundo o advogado, Natividade implora pela vida.
“O policial nesse momento pisou na cabeça do senhor Willian, chegando até a apontar a arma para um vizinho. E esse vizinho já foi ouvido no Ministério Público. Antes dele entrar na casa, no vídeo, exatamente em 31 segundos, dá para escutar o Willian implorando para não morrer”, narrou o advogado.
Evangelista contou que, quando o detento foi levado para dentro da casa, alguns vizinhos ouviram o momento em que ele foi atingido pelo disparo. Natividade teria gritado o nome da companheira, Jéssica.
Em outro vídeo, continuou o advogado, aparece um policial manuseando a arma que supostamente foi utilizada por Willian Natividade durante a resistência à prisão.
“Tudo leva a crer que houve uma fraude processual”, supôs o advogado.
Segundo ele, algumas pessoas chegaram a questionar a autenticidade de uma fotografia onde o homem aparece com uma tatuagem. Sobre isso, Evangelista explicou que fica claro no primeiro vídeo que ele tem uma tatuagem. O advogado também questiona que de imediato tenha havido perseguição ao infrator.
“Ele [Natividade] estava na sua casa e quando viu os policiais tentou fugir sim, porque sabia que a polícia queria matar ele”, afirmou Evangelista.
Willian Natividade tinha três processos em andamento. Em um deles, chegou a ser condenado por roubo e cumpria pena em liberdade. Em outro, ele foi absolvido e o terceiro estava em andamento com audiência marcada no dia 17 de maio.
Em relação a denúncia que os policiais haviam recebido no dia do fato, de que tinha um homem armado na ponte, o advogado refutou.
“Não há uma comprovação no que tange esse fato. O que há são testemunhas que discordam deste fato. Eles dizem que os policiais foram atrás de Willian”, disse.