SELES NAFES
Não é nenhuma novidade comunicadores se candidatarem a cargos políticos. Mas na eleição deste ano, no Amapá, o número extrapolou a média dos últimos pleitos.
Pelo menos quatro dos mais conhecidos decidiram ter os nomes testados nas urnas. Apenas um é marinheiro de primeira viagem, neste caso Renivaldo Costa, de 41 anos.
Além de jornalista, Renivaldo também é sociólogo, jornalista e professor da rede pública especializado em educação especial. Filiado ao PSC e nascido em Macapá, ele disputará uma vaga na Assembleia Legislativa.
“Pela insatisfação com os rumos que a política tomou. O projeto que eu faço parte é contra a alternância de poder das famílias. No PSC, temos um código de ética que proíbe indicar parente na próxima eleição. Achei que era hora de sair dos bastidores e de ir para o front”, justifica, ele.
O mais experiente é, com certeza, Eraldo Trindade, de 60 anos, pré-candidato à Câmara dos Deputados. O lugar ele conhece bem. Já foi deputado federal por três mandatos, entre os anos 80 e 90, e ainda ajudou a escrever a atual Constituição. Entre várias comissões permanentes da Câmara, dirigiu a Comissão de Direitos Humanos.
Além de jornalista, Eraldo Trindade é engenheiro florestal e advogado. Ainda foi secretário de Manutenção Urbanística de Macapá. Também é natural de Macapá.
“Estou sendo instado pela população (a voltar). Os mais antigos repassaram para os filhos isso. Na época eu trabalhava muito com donas de casa. Trabalhei muito para que houvesse isonomia salarial entre os policiais civis e militares, e evitei a demissão de 6 mil servidores públicos do Amapá trocando meu voto no projeto de reeleição do FHC”, lembra.
Outro pré-candidato a deputado federal é Belair Júnior, de 43 anos, também filiado ao PR. Jornalista há 23 anos, ele está no ar com o programa Bronca Pesada há 13 anos.
Esta será a terceira vez que terá o nome na urna eletrônica. Na primeira eleição que participou não foi eleito deputado federal por 300 votos de diferença. Na segunda vez, em 2016, se tornou suplente de vereador em Macapá porque faltaram apenas 80 votos. Outros candidatos menos votados acabaram sendo eleitos por conta do coeficiente eleitoral.
“As razões são as mais comuns (para se candidatar). Me frustrei com os que eu apoiei, e vejo que a gente pode contribuir para o Estado se desenvolver economicamente”, justifica.
Quem também decidiu tentar novamente foi o jornalista Carlos Lobato, âncora do Tribuna da Cidade, programa político de rádio que está há 14 anos no ar. Lobato também é sociólogo, advogado e psicólogo.
Em 2002, então, filiado ao PDT, Lobato não foi eleito deputado federal por apenas 211 votos. Hoje, ele está filiado ao PP, e tentará uma vaga na Assembleia Legislativa.
“Para que as causas que eu defendo, entre elas o combate direto às drogas, saiam da ante-sala do poder e possam ter voz e representatividade. Quero que o orçamento da assembleia possa deixar de ser monstruoso e possa voltar para o povo”, defende.