ANDRÉ SILVA
Os moradores da orla do Aturiá, no bairro Araxá, zona sul de Macapá, continuam lutando para protegerem suas casas da erosão provocada pela a força do rio Amazonas. Há duas semanas, eles fizeram um mutirão para reforçar uma cerca de contenção improvisada por eles mesmos.
O processo de erosão é natural, e é provocado pelo impacto da água do rio nos barrancos, no período de cheia da maré. A força é tanta que centenas de casas e estabelecimentos comerciais que existiam ali, forram arrastados. A esperança da população é a finalização das obras de um muro de arrimo que está sendo construído pelo governo do estado.
Ao fim da obra, o muro terá mais de um quilômetro de extensão. Os trabalhos estavam parados desde 2014, segundo a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf), e foram retomados em setembro do ano passado. A Seinf informou que até o fim deste ano a obra deverá estar concluída.
Aldenor Sanches, de 82 anos, mora no local há 28 anos. Ele disse que presenciou a queda de muitas casas e viu vizinhos sendo obrigados a deixar a moradia para trás. Atualmente, conta ele, caíram mais três casas. Sanches disse que está preocupado com a próxima lua cheia.
“Vamos ver se a cerca aguenta com a força da lua. A água vai passar o barranco. Na última, ela quase chega aqui em casa”, lembrou o idoso, que mora a poucos metros da praia.
Cleudivan Gama tem 38 anos e mora no lugar desde os 18 anos. Ele disse que se sente muito mal por não ser capaz de fazer nada para conter o avanço do rio.
“Tive que ver muitos amigos indo embora, perdendo tudo “, desabafou.
Para tentar se manter no local, ele e mais 13 vizinhos fazem, constantemente, mutirão na tentativa de reforçar com entulhos e esteios, uma cerca colocada para proteger o restante de terra que ainda existe ali.
“Nós temos feito o mutirão e contratado trator para colocar esse entulho para nós. No próximo final de semana nós vamos continuar o trabalho para reforçar mais a cerca”, garantiu o morador.