SELES NAFES
O juiz Adão Carvalho, da 1ª Vara Criminal de Macapá, decidiu enviar para o Tribunal do Júri o processo contra os quatro acusados de participar da morte do tabelião Manoel Queiroz Barbosa, o “Manoelzinho do Cartório”. Eles também foram libertados.
A Polícia Civil e o Ministério Público haviam concluído que se tratou de um latrocínio, mas, o magistrado que avaliou o caso, achou que foi homicídio qualificado, o que, em tese, tem penas menores que latrocínio, no Código Penal.
Adão Carvalho avaliou que o crime foi passional, motivado por ciúmes de um dos acusados que era namorado de uma funcionária do tabelião. A família de Manoelzinho contesta essa visão que foi apresentada pela defesa dos reus.
O advogado Augustus Luís Santos Ferreira, assistente de acusação contratado pela família de Manoelzinho, afirma que o crime foi um latrocínio, e lembra que o tabelião também era o correspondente bancário do Bradesco na região. A vítima anotava numa agenda, segundo ele, todos os empréstimos dos comerciantes e moradores do Bailique.
Ele também sempre andava com uma maleta de dinheiro.
“Simplesmente a agenda sumiu, e a maleta também”, diz o advogado.
A defesa dos acusados alegou que o fato de R$ 1,2 mil em dinheiro terem sido encontrados numa bermuda de Manoelzinho, na cena do crime, descartam a tese de latrocínio.
“Mas essa bermuda estava em cima de uma caixa amplificada. A própria perícia diz que Manoelzinho estava nu. Não levaram o dinheiro porque não viram. Mas a pasta e a agenda eles levaram”, afirma advogado.
Manoel Queiroz Barbosa tinha 50 anos quando foi encontrado morto na manhã do dia 26 de junho do ano passado, dentro da casa onde morava, na Vila Progresso, a principal ilha da região. A vítima foi morta a facadas e golpes de terçado. A perícia concluiu que ele ainda lutou contra os criminosos.
Na mesma semana, a PM apresentou à Polícia Civil quatro acusados de envolvimento com a morte. A guarnição chegou a gravar a confissão de um deles em vídeo, mas, a pedido da defesa, a prova foi considerada irregular.
Os acusados alegaram que foram torturados pela PM. O oficial que comandou as buscas está respondendo criminalmente por crime de tortura, apesar de o exame de corpo de delito ter dado negativo para os quatro, que são moradores do arquipélago.
“No processo (judicial) nenhum morador ou parente foi chamado para ser ouvido. O MP também trabalhou apenas com o inquérito do delegado”, queixa-se o assistente de acusação.
O portal SELESNAFES.COM tenta contato com o advogado dos acusados.