SELES NAFES
As redes sociais e sites de compra e venda estão cheios de armadilhas para o consumidor. No Amapá, um novo tipo de golpe chegou à justiça e está gerando muita dor de cabeça para as vítimas. Em apenas uma semana, a 6ª Vara Cível e de Fazenda Pública de Macapá julgou dois casos idênticos envolvendo venda de automóveis.
O golpe funciona assim: o bandido escolhe o anúncio de um carro. Ele entra em contato com o anunciante e com uma pessoa interessada em comprar. Mais tarde, as duas serão enganadas.
O bandido inventa uma história ao anunciante dizendo que é empresário, e que está devendo R$ 21 mil a uma pessoa em Macapá, ou seja, R$ 1 mil a mais do que o valor do carro anunciado no site (R$ 20 mil).
Em seguida, ele propõe que a vítima procure a pessoa que ele (o golpista) vai indicar em Macapá, a quem estaria devendo os R$ 21 mil. A vítima é orientada a dizer que irá repassar o carro a ela para quitar a suposta dívida do criminoso.
A vítima, achando que vai ganhar R$ 1 mil a mais, acaba aceitando a proposta quando o bandido diz que depositará os R$ 21 mil em sua conta, imediatamente. Ele chega a falsificar um comprovante de depósito e manda pelo WhatsApp. O dono do carro acredita que já lucrou, sem checar sua conta.
Antes disso, no entanto, o bandido (ainda não se sabe como) acessou o banco de dados do site de compra e venda e descobriu o telefone de alguém que tinha manifestado interesse em comprar o carro. Será a segunda vítima.
Ele liga para o interessado em comprar o veículo se passando pelo dono do carro, e faz uma oferta vantajosa: repassar o carro por R$ 11 mil, alegando que está com urgência em vender. A segunda vítima (comprador) aceita, e vai ao cartório com o verdadeiro anunciante registrar o negócio. Um não revela ao outro a verdadeira história, achando que ambos irão lucrar.
Os R$ 11 mil são transferidos para a conta do golpista (falso proprietário). Quando o verdadeiro dono descobre que os R$ 21 mil não caíram em sua conta, percebe que foi vítima de um golpe.
Resultado: a pessoa que comprou o carro por R$ 11 mil e o verdadeiro anunciante ficam no prejuízo, um sem o carro e outro sem os R$ 11 mil.
“Nesses casos, a justiça tem decidido que o carro seja devolvido ao verdadeiro anunciante, porque o prejuízo maior foi dele”, informa o juiz Paulo Madeira, da 6ª Vara Cível e de Fazenda Pública de Macapá.
Os dois processos julgados em uma semana envolveram golpistas que ligaram de São Paulo para anunciantes e compradores de Macapá. Movidas pelo sentimento de que iriam levar vantagem, as duas pessoas foram descuidadas, manipuladas e lesadas.