SELES NAFES
O deputado federal Roberto Góes (PDT) acaba de escrever mais um capítulo interessante da história política do Amapá. Ele ficará afastado do cargo por 4 meses. Não se trata de nenhuma decisão judicial. Para ter apoio da ex-prefeita de Laranjal do Jari, Euricélia Cardoso, em sua campanha pela reeleição, ele fez manobras numa engenharia que incluiu negociações com 4 suplentes. O objetivo era fazer com que Euricélia, a quinta suplente, pudesse assumir o mandato. Deu certo.
Funcionou assim: Roberto Góes precisa sabe que precisa aumentar seu potencial de votos em Laranjal do Jari, cidade que tem a terceira maior população do Estado, com 48 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE em 2017. São cerca de 27 mil eleitores.
Também era preciso garantir o aumento do apoio para o governador Waldez Góes, já que o prefeito Márcio Serrão (PSDB) faz campanha para Davi Alcolumbre, também pré-candidato ao governo.
Dentro do grupo, a única liderança capaz de reduzir essa diferença seria Euricélia Cardoso por uma questão natural: apesar dos problemas com a Justiça (Euricélia chegou a ser presa pela Polícia Federal), a ex-prefeita ainda mantém uma grande base de lideranças e eleitores no município. Era preciso oferecer algo grande em troca do apoio dela.
Para assumir o mandato de deputada federal, os quatro primeiros suplentes teriam que abrir mão desse direito. A primeira suplente, Fátima Pelaes (MDB), foi a primeira a concordar, desde que Roberto Góes e os secretários de governo declarassem apoio a ela em sua campanha para o Senado.
Acordo foi selado num café da manhã na casa de Roberto, que ligou para Waldez para pedir o apoio dele à Fátima. O primeiro acordo estava concluído.
Era a vez de conversar com a segunda suplente, a atual vice-prefeita de Macapá, Telma Nery (DEM). Telma disse que não tinha interesse em assumir, que já precisaria renunciar ao mandato de vice. Já com a terceira suplente, a ex-secretária de Educação do Estado Conceição Medeiros, foi necessária a intervenção do governador. Waldez ligou para ela e pediu que renunciasse à suplência.
O próximo desafio era conseguir a palavra de Diego Duarte (PP), o quarto suplente, que também teria que renunciar ao cargo de vereador para assumir o mandato de deputado federal. Diego avaliou que também não seria negócio para ele. A fila andou mais uma vez, e chegou em Euricélia Cardoso, a quinta suplente.
Roberto Góes já está fora do cargo. A posse da deputada federal ainda não foi efetivada. Oficialmente, apenas Fátima Pelaes apresentou carta desistindo da suplência. A segunda suplente, Telma Nery, já foi convocada, mas ainda não se manifestou.
Euricélia tem pelo menos uma condenação criminal em primeira instância por improbidade administrativa. A sentença foi do juiz federal João Bosco Soares.
Dos 120 dias de licença, Roberto Góes informou à direção da Câmara que usará 4 deles para tratamento de saúde. Para o restante do período, ele alegou que precisará de tempo para resolver problemas pessoais.