Estudo sobre a Amazônia vai englobar riquezas do Amapá

Cláudio Henrico Dias observa ruínas em Mazagão Velho. Escritor prepara trilogia sobre a Amazônia
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ANDRÉ SILVA

Um policial federal aposentado, apaixonado pela Amazônia desde os 15 anos de idade, coleta dados relacionados à maior floresta tropical do mundo. O material catalogado por ele todos esses anos vai virar uma trilogia, com roteiro turísticos, histórias de moradores dos municípios visitados e um relato do ponto de vista de um pesquisador entusiasta desta região que representa 59% do território nacional.

Cláudio Henrico Dias tem 47 anos e mora em Curitiba (PR). Ele nasceu em Manaus, no Estado do Amazonas, e é descendente de indonésios. Dias é bacharel em direito, mas antes dessa formação estudou engenharia florestal e tecnologia da indústria da madeira. O escritor buscou nestas duas formações uma forma de trabalhar, mas ao mesmo tempo, ajudar a conservar a floresta.  

Ele é estudioso do assunto desde os quinze anos, quando iniciou sua coleção de periódicos que sempre traziam assuntos relacionados a Amazônia, como recorte de revistas, jornais e livros. Foi assim que acumulou conhecimento suficiente e os levou para a vida adulta.

Marco geodésico representativo da Linha do Equador em Santana. Fotos: arquivo pessoal

Tudo que conseguiu acumular serviu como base até mesmo para sua monografia de pós-graduação, que teve como tema “A Biopirataria na Amazônia Brasileira”. O escritor está produzindo três livros, um deles é baseado nesta monografia.

“Estou fazendo essa adaptação e transformando essa monografia em um livro, enfocando a biopirataria e hidropirataria. O patrimônio hídrico e genético nosso está sendo furtado e a gente não se dá conta, não dá o valor merecido e, por isso, acaba não ecoando”, denunciou o escritor.

Dificuldade vencida para chegar no Parque do Solstício em Calçoene

O livro

Cláudio Henrico Dias dividiu as etapas de concepção do livro em três. A primeira iniciou aos 15 anos, quando ainda morava no Amazonas e começou a colecionar tudo sobre a região, por meio de viagens que fez pelo Estado. O estudioso anotava e tirava fotos tudo por onde passava.

O segundo momento ele considera quando trabalhou por 19 anos como escrivão na Policia Federal (PF) do Amazonas, onde teve a oportunidade de viajar por vários municípios da região da amazônia  brasileira, como Pará, Roraima, Amazonas.  

Lagoa Azul em Serra do Navio

A terceira fase começou há 62 dias, quando ele partiu de Curitiba, passou por Marabá, no Pará, e de lá por várias cidades vizinhas, para algumas cidades de Tocantins, lugares que ainda não tinha colocado os pés.

30 dias no Amapá

No Amapá, o escritor está há pouco mais de 30 dias. O primeiro lugar que visitou foi Serra do Navio. Lá, pôde ver pessoalmente aquilo que lia em livros e revistas sobre a exploração do manganês no município.

“Fui constatar in loco o que, infelizmente, aconteceu em alguns lugares da Amazônia, como na própria Serra Pelada no Pará, e tende a acontecer em outros locais se não nos atermos realmente a esse modelo de apenas país exportador de matéria-prima como a gente foi tachado, desde a época da colonização até hoje. Serra do Navio é um exemplo disso”, disse.

Retratando as dificuldades logísticas para chegar até Oiapoque

 

Cunani, em Calçoene

 

Antiga pista da basa aéreas usada pelas Forças Armadas dos EUA

Ele relatou conversas que teve com moradores que descreveram como era o município em seus tempos de glórias, quando a exploração do minério tornou a economia do local muito forte e a infraestrutura digna de cidades europeias.

Abandono

“Fui ver a estação rodoviária abandonada no meio do mato. É uma tristeza saber que o Brasil que deveria ter desenvolvido o modal ferroviário como seu principal meio de transporte, acabou fincando suas bases, infelizmente, principalmente a partir de Juscelino Kubitschek, na questão rodoviária. O Brasil está pagando um preço por ter brecado o desenvolvimento de suas ferrovias. E essa história de Serra do Navio é uma síntese do que aconteceu no Brasil”, analisou o escritor.

Na Fortaleza de São José, a vista para o Trapiche Eliezer Levy

Depois de Serra do Navio, Cláudio Henrico Dias foi para Oiapoque, Macapá, Calçoene, Amapá, Pedra Branca, Tartarugalzinho, Mazagão e Santana. Em todas as cidades, o escritor sentiu falta da presença do Estado quanto um agente de turismo.

A viagem pelo Amapá encerrou nesta quarta-feira (11) e na quinta-feira (12) o escritor embarcou para Curitiba. Ele espera lançar a trilogia, que ainda não tem um título, em seis meses.

Conhecendo o monumento do Marco Zero. Foto: André Silva

Foto de capa: André Silva

Seles Nafes
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