ANDRÉ SILVA
A família de um professor que foi baleado em meio a um fogo cruzado entre policiais militares e bandidos, numa área de pontes, no Bairro do Muca, zona sul de Macapá, considera irresponsável a ação da polícia, ocorrida no sábado (8). Parentes da vítima dizem que o tiro que atingiu Anderson Alfaia Barbosa, de 31 anos, partiu da arma de um policial envolvido no confronto.
Segundo informações da PM, os policias estavam fazendo ronda na Rua do Copala, por volta de 18h30, quando, alguns indivíduos que estavam traficando drogas perceberam a presença da viatura e efetuaram disparos na direção dos policiais.
Eles correram, diz a polícia, para uma das pontes no local e se esconderam em uma casa que dava acesso a outra ponte, onde havia outra viatura da PM fechando o cerco contra eles.
“Quando eles saíram do outro lado da ponte, eles efetuaram outros disparos, que, inclusive, acertou na viatura. A gente continuou no encalço deles, aí eles entraram em outra área de ponte, e, quando o pessoal [policiais] entrou nesse local, eles já haviam abandonado a arma e o celular, inclusive, consta nesse celular a foto desse indivíduo [o professor baleado]”, falou o major Max Almeida, da Força Tática.
Segundo ele, é improvável que o tiro que atingiu Anderson Alfaia tenha saído da arma de algum dos policiais, pois, todos utilizam calibre ponto 40, conforme o major, e, neste caso, o professor não teria nem chegado à sua casa.
Não houve perícia no local para comprovar o fato, segundo a PM, e os policiais só souberam depois da ação que alguém havia sido baleado.
A técnica em radiologia Erica Negreiros, de 26 anos, é prima do professor. Ela diz que Anderson Alfaia estava sentado em frente a casa onde mora, quando foi atingido pelo tiro. Segundo a mulher, dois elementos passaram correndo, e, segundos depois, houve o primeiro disparo.
“O primeiro tiro que ele deu, foi o que acertou o Andersom. E, logo depois, eles atiraram três vezes, que foram os tiros que pegaram na parede e na cadeira. Mas, os elementos já tinham corrido. Todos os tiros partiram da polícia”, afirmou a prima.
Anderson Alfaia Barbosa é formado em sociologia pela Universidade Federal do Amapá (Unifap), e está cursando física na instituição. A prima dele conta que o sonho do professor é ser policial.
Ele está internado no Hospital de Emergências (HE), e a bala continua alojada no abdome dele. Segundo Erica, o projétil continua se movendo e, provavelmente, saia pelas costas da vítima.
A família registrou um boletim de ocorrência e disse que vai levar o caso até a Corregedoria da PM para que os policiais envolvidos na ação sejam responsabilizados.