Por YASHÁ GALLAZZI
Em meio a tantos escândalos e tanta descrença, de onde tirar o estímulo necessário para continuar acreditando? Depois de décadas vendo as mesmas famílias, com os mesmos sobrenomes, disputando o poder pelo poder e repetindo as mesmas promessas vazias, como manter viva a esperança?
Não é fácil. A recente eleição suplementar realizada no Tocantins, com sua abstenção recorde na casa dos 35%, nos mostrou o que a descrença na política e, principalmente, nos homens públicos, pode causar.
Porém, a escolha de dar as costas para o jogo democrático não é a melhor e pode acabar ajudando os grandes culpados pela desesperança que paira sobre o país.
Mesmo com alta abstenção, ou com uma enorme quantidade de votos brancos e nulos, a eleição será confirmada normalmente. Haverá vencedores e eles, por mais ilegítimos que sejam, vão deter o poder e ditar os rumos do país e dos estados.
E, entre os derrotados, estarão aqueles que decidirem não votar, porque acabarão sendo governados pelos que escolheram jogar o jogo da democracia.
A verdade, é que voto nulo, em branco e abstenção não anulam a eleição, não fazem um país melhor e podem acabar ajudando aqueles candidatos apoiados pelas estruturas governamentais.
Um governador, candidato à reeleição, vai levar muitos apoiadores às urnas, porque há toda uma estrutura apoiada na máquina estatal que quer manter tudo como está.
Essas pessoas irão votar no domingo da eleição e terão vida fácil se os votos válidos forem poucos, por conta de uma enorme abstenção, por exemplo.
Participar da eleição é importante nem que seja para tornar mais difícil a vida daqueles candidatos que já não aguentamos mais, que já tiveram suas chances, já passaram anos se revezando no poder e nada de bom fizeram.
Mas não é só. Como dizia Abraham Lincoln, lendário presidente americano, o voto é mais poderoso que uma arma, quando se trata de transformar e revolucionar a sociedade.
Ninguém delega a outros a escolha da escola dos filhos, por exemplo. Por que dar as costas para o processo eleitoral e permitir que outros decidam por nós os rumos do nosso estado e do nosso país?
Analisemos os políticos que estão próximos a nós e vejamos quem está preso ao passado e apelando para o sentimento de descrença.
Num momento em que o Amapá precisa olhar para o futuro e evitar erros do passado, vemos alguns apostando em reforçar a sensação de desesperança, como se preferissem uma sociedade apática, sem fé no futuro e longe das urnas.
O voto não é só um direito e um dever. Não é uma obrigação legal que nos leva a sair de casa num domingo qualquer. É a chance de virarmos páginas amareladas e velhas de uma política que não trouxe frutos para nosso estado, deixando para trás aqueles mesmos nomes e sobrenomes que já nos cansaram.
É a chance de jogar o jogo democrático. E vencê-lo!