ANDRÉ SILVA
O Corpo de Bombeiros Militar (CBM) controlou um princípio incêndio que ocorreu no início da manhã desta terça-feira (17), em uma antiga base comunitária da Polícia Militar (PM). O prédio fica localizado no bairro do Muca, na zona sul de Macapá. O fogo teria começado depois de uma discursão entre alguns moradores de rua que habitam o local – desativado há quase 20 anos.
Joelson Cardoso, 42 anos, contou que vive no local há oito meses. Disse que resolveu morar na rua porque todo dinheiro que ganhava como carpinteiro era para comprar drogas. Ele é dependente químico de crack. “Eu sou viciado e pagar quarto não dá, né? O dinheiro que eu pego é só pra fumar”, justificou.
Dependente químico de crack assumido, viciado mostra as queimaduras do uso da droga. Foto: André Silva/SelesNafes.com
Separado e pai de quatro filhos, falou que o incêndio começou depois que um homem, que apareceu a poucos dias no local, chegou embriagado e ateou fogo em alguns objetos dentro do prédio. As chamas só não se alastraram mais porque o Corpo de Bombeiros chegou a tempo.
O presidente da Associação de Moradores do Bairro do Muca, Edir Pacheco, reclamou que o lugar apenas serve de abrigo a usuários de drogas e esconderijo para assaltantes. O prédio fica no caminho de moradores e estudantes das escolas Lauro Chaves e Cecília Pinto.
“Eles usam a droga deles e não têm como comprar, por isso, vão assaltar e fazer coisas erradas. A comunidade tem pretensão de montar projetos sociais ali, mas o prédio foi cedido ao CVV [Centro de Valorização da Vida] e até agora, nada foi feito. Se ninguém fizer nada, vamos juntar a comunidade e ocupar o local”, ameaçou o presidente.
Cedido ao CVV, o prédio público está deteriorado. Foto: André Silva/SelesNafes.com
O prédio foi cedido há mais de um ano para o CVV, entidade que desenvolveria um projeto voltado ao apoio emocional e prevenção ao suicídio, mas o projeto ainda não saiu do papel.
A porta voz do CVV, Celiana Waldeck, disse que o prédio foi entregue sem condições de uso. Ela informou que aguarda um posicionamento da Secretaria de Infraestrutura do Amapá (Seinf) quanto à reforma do local, e que o termo de doação por tempo indefinido, ainda tramita na Secretaria de Administração do Estado (Sead).
“Estamos mais de ano dependendo da conclusão desse processo. Aguardando que o governo do Estado avalie o valor do projeto e dê uma resposta para nós, se vai poder reformar o prédio ou não”, disse a porta-voz.
Ela disse que o CVV também analisa a possibilidade de realizar uma campanha para arrecadação do valor necessário à reforma. O portal SelesNafes.com fez contato com a Seinf. Até a publicação desta reportagem, o órgão não se posicionou sobre o assunto.