SELES NAFES
Um patrimônio de milhões de dólares apodrece há mais de quatro anos às margens da BR-210, em Macapá. São cerca de 30 vagões da Estrada de Ferro do Amapá (EFA) trazidos de Nova York (EUA) para o escoamento do manganês. Sem qualquer tipo de vigilância, os vagões começam a ter peças furtadas.
A Estrada de Ferro do Amapá começou a ser construída pela Icomi em 1950. Os 192 quilômetros de trilhos ligaram as minas de manganês ao Porto de Santana. O projeto da Icomi também incluiu a construção das vilas que deram origem aos municípios de Santana e de Serra do Navio. Toda a infraestrutura levou apenas 3 anos para ser construída, feito considerado um recorde até para os dias de hoje.
Depois do desabamento do Porto da Anglo, que matou operários e paralisou a exploração do minério de ferro, em abril de 2014, a estrada de ferro não foi mais utilizada.
Quem cruza a BR-210, próximo ao quilômetro KM-14, já se acostumou ver os vagões como parte da paisagem. Cada um deles pesada 22 toneladas, e tem capacidade para transportar até 78 toneladas. Foram eles que realizaram o primeiro embarque de manganês da história do Amapá, em agosto de 1954. O evento trouxe ao Amapá o então presidente Juscelino Kubitscheck.
Oficialmente, a concessão da Estrada de Ferro pertence à mineradora indiana Zamin, sucessora da Anglo. A aprovação relâmpago do projeto de lei do Executivo que deu aval para a transferência da concessão à indiana foi investigada e virou numa ação penal movida pelo Ministério Público do Estado.
Três deputados estaduais foram denunciados, entre eles o ex-presidente Júnior Favacho (PMDB), acusado de receber R$ 10 milhões em propina para apressar o trâmite do projeto na Assembleia, o que ocorreu em menos de uma semana. Ele nega todas as acusações.
Enquanto corre a ação em busca de uma possível reparação, difícil prever o que será da Estrada de Ferro do Amapá.