“A vida é dura pra quem é mole”, diz montador de 61 anos que vende água

Seu Cezar veio de Curitiba para Macapá após um divórcio. Ele conta que a generosidade das pessoas e a perseverança dão ânimo
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RODRIGO INDINHO

“A vida é dura para quem é mole”. Essa é a frase que diz Cezar Queiroz, de 61 anos, que vende garrafas de água mineral no cruzamento da Rua General Rondon com a Avenida Antônio Coelho de Carvalho, no Centro de Macapá. Ele encontrou no trabalho uma forma de reconstruir sua vida.

Vindo em novembro de 2017 da cidade de Curitiba-PR, após ter um empreendimento fechado e um divórcio, o montador de móveis, que já trabalhou em lojas, mercados, na construção civil e foi até caminhoneiro chegou no Amapá com vontade de vencer na vida.

“No início não foi fácil, aliás, ainda não é, mas nada na vida é fácil e temos que lutar. Comecei aqui comprando uma bicicleta e uma cuba para vender bolo e chopp, porém como não tenho geladeira e nem móveis não deu muito certo. Depois de um tempo fui morar em uma vila em frente à UNA [no Bairro do Laguinho], e como não tem muita demanda de montagem e desmontagem de móveis e não gosto de ficar parado. Há cerca de 2 meses o dono do comércio, de bom coração, confiou em mim e me cedeu o material para a venda de água e no final do dia eu quitava. Hoje sou grato e consigo pagar meu aluguel e comer melhor”, falou agradecido seu Cezar.

Vendendo cada garrafinha a R$2, seu Cezar consegue pagar o aluguel e se alimentar. Fotos: Rodrigo Indinho

Morando atualmente alugado no Bairro do Laguinho e dormindo numa rede, todos os dias, às 7h da manhã, seu Cezar prepara as garrafas, compra o gelo e coloca na cuba e sai para mais um dia de trabalho em dois turnos. O trecho em que vende fica no canto da Praça Floriano Peixoto, local de grande fluxo de pessoas e principalmente de veículos.

“Lutamos pelo alimento de cada dia da família. Às vezes a pessoa crítica um ambulante, mas não sabe o que ele vive e de suas dificuldades, então comprem para ajudar, pois Deus vai retribuir em dobro às pessoas de bom coração”, diz o senhor.

Ponto de trabalho: esquina da General Rondon com a Antonio Coelho

O trabalhador vende no mínimo 4 pacotes de água por dia, cada garrafa de 500 ml custa R$2. Ele trabalha de manhã e à tarde, de segunda-feira a sexta-feira, e no sábado até 12h. Apesar de sentir falta da filha que já está criada e de seus familiares, seu Cezar diz que quer reconstruir sua vida no Amapá e deixa um recado para as pessoas.

“O ser humano tem que ter força de vontade. A vida não é fácil para ninguém, até quem tem dinheiro passa dificuldades e a gente, que não nasceu em berço de ouro, tem que ir à luta, até mesmo quando faltam oportunidades, reflitam! Agradeço aos amapaenses por serem tão acolhedores e se precisar de água geladinha, estarei aqui ou para montar e desmontar móveis só ligar 096 991556678”, finalizou.

Seles Nafes
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