DA REDAÇÃO
A Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Macapá já iniciou os trabalhos visando o julgamento de um dos crimes que mais chocou a sociedade amapaense na história policial recente do Amapá, feminicídio da policial militar Emily Karine de Miranda Monteiro – a cabo Emily. Na manhã desta terça-feira, (21), o promotor Iaci Pelaes recebeu familiares da vítima, que forneceram detalhes importantes a serem utilizados no processo.
Segundo a Polícia Civil e familiares de Emily, ela e o namorado, o também policial militar Kassio de Mangas dos Santos, soldado, moravam juntos há dois anos. Na manhã do último dia 12, um domingo, o casal teve uma discussão e se separou.
À tarde, por volta das 17h30min, o soldado, que não aceitava o término, voltou à casa e atirou contra Emily. Ela ainda foi socorrida e levada para o Hospital de Emergência, no Centro de Macapá, mas faleceu 20 minutos após chegar.
“Eu não quero morrer”.
Estas teriam sido as últimas palavras de Emily antes de falecer, segundo os familiares disseram ao promotor. A avó da vítima, Oscarina Braga, contou que viu quando Kassio estava saindo da casa.
Ela ainda perguntou o que ele havia feito com a sua neta. Segundo Oscarina, calmamente ele teria respondido:
“fique calma, não fiz nada. Agora, nós já estamos resolvidos”.
De acordo com Iaci Pelaes, o objetivo do encontro foi colher informações complementares para subsidiar denúncia que será ofertada à Justiça.
“Repudiamos qualquer ato de violência. Não podemos aceitar crimes como o feminicídio em nossa sociedade. Vamos acompanhar o caso de perto e buscar a condenação do réu pela prática do feminicídio”, afirmou o promotor.
Ele destacou que está em contato com o Tribunal do Júri para que o caso seja julgado ainda este ano.
“Nós precisamos trazer uma resposta para família, sociedade e, principalmente, para a cabo Emily. Nosso objetivo é buscar a prevenção e conscientização da sociedade como um todo, para que outras mulheres não venham a sofrer. Não podemos aceitar que mulheres continuem sendo vítimas nas mãos de homens”, finalizou.
Agravante
O feminicídio qualifica o crime, ou seja, torna-o mais grave. É um agravante porque um atentado direto a um gênero, um crime de misoginia comparável a, por exemplo, crimes de extermínio, com motivação baseada em uma característica alheia aos atos da vítima.
Foto de capa: Ascom/MP