Lixeira: fumaça tóxica afeta Oiapoque e Saint-Georges

Estado e município foram condenados pelo problema, mas nenhum os dois fez algo
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SELES NAFES

Os moradores de Oiapoque, município a 590 quilômetros de Macapá, não aguentam mais o odor da fumaça gerada na lixeira pública da prefeitura. Moscas, ratos e urubus, atraídos pelo descarte de carcaças de bois, restos de peixes e de outros alimentos, pioram a situação.

A lixeira fica a cerca de 1 quilômetro do centro da cidade. Em 2014, o governo do Estado e a prefeitura foram condenados em segundo grau, mas o processo acabou sendo arquivado quando a prefeitura se comprometeu construir o aterro controlado. Nada aconteceu.

No ano passado, uma audiência pública discutiu o assunto e o processo foi desarquivado depois de uma mobilização do Movimento “Irmãos da Fronteira”.

Carcaças de animais são descartadas sem nenhum critério. Fotos: Genivaldo Marvulle

Moscas e outros vetores pioram a situação

“Só piorou de lá para cá”, diz o advogado Genivaldo Marvulle.

“De dia alguém toca fogo nas carcaças para espantar as moscas, e essa fumaça fedida invade a cidade, afetando hotéis, restaurantes, todo mundo. Um técnico da Secretaria de Meio Ambiente me informou que a fumaça é cancerígena, extremamente tóxica porque é da queima de plástico e outros materiais”, acrescentou.

Representantes do Movimento 500 Irmãos, da Guiana Francesa, foram visitar a lixeira porque a fumaça também chega a Saint-Georges, a primeira cidade francesa do outro lado do Rio Oiapoque.

Uma das suspeitas é de que o chorume, líquido derivado da decomposição do lixo, está atingindo o lençol freático e chegando até o Rio Oiapoque, afetando a captação de água na Guiana Francesa.

“O Ministério Público da Guiana Francesa já foi informado a respeito do assunto, porque se trata de um rio internacional”, finalizou Marvullle. 

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