ANDRÉ SILVA E JÚLIO MIRAGAIA
Eram ainda 6h da manhã quando a paratleta amapaense Yndiraima Alessandra Santos se dirigia de onde mora, na Casa da Hospitalidade, até uma parada de ônibus em Santana, a 17 quilômetros de Macapá. No caminho, contudo, ela foi assaltada por um homem que disse que a ajudaria a se deslocar até o ponto.
O único ônibus com acessibilidade pela manhã, com destino à capital, passa às 6h, horário em que as ruas estão desertas. Mas, Yndiraima Santos precisa chegar até a sede da Companhia de Trânsito de Macapá (CTMac), onde faz estágio às 8h.
Tendo documentos e trabalhos acadêmicos levados pelo criminoso com sua mochila, ela ainda seria vítima de um golpe quando uma mulher, identificada como Francisca Katiany Prata Melo, de 23 anos, chegou a trocar a senha de sua conta em dois bancos e realizou saques de aproximadamente R$ 800. Além dos prejuízos, a paratleta desabafou ainda sobre a forma desrespeitosa com que foi tratada mais tarde na agência bancária.
Yndiraima Santos relatou ao portal SelesNafes.Com os dias de caos que viveu, no período de 4 e 11 deste mês.
Assalto a caminho do estágio
A paratleta, que é também estudante universitária, contou que tudo começou quando um estranho a abordou quando ia, sozinha, até o ponto de ônibus.
“Fui pra Avenida Santana pegar ônibus. Quando subia a ladeira, ouvi um espirro, era um cara de bicicleta. Ele pegou atrás da cadeira e disse que ia ajudar, mas respondi que estava acostumada, mas ele insistiu e foi até certo ponto empurrando a cadeira. Conversamos, ele disse que era pedreiro e que prestava serviço na Fonte Nova. Foi quando ele perguntou a hora. Ele estava do lado direito e foi para o esquerdo, já segurando minha mochila e falou para dar a bolsa senão ele ia me furar. Então ele levou só o que tinha na mochila: trabalhos, certificado, meu RG e os cartões dos bancos”, recordou.
Após o assalto, a paratleta fez um desabafo em sua rede social que teve bastante repercussão, em busca dos documentos perdidos. Porém, apesar do apelo, não houve retorno.
Criminosa muda senha para efetuar saques
No outro dia, Yndiraima Santos começou a providenciar novos documentos, indo até uma Agência Super Fácil em Macapá. Mas, enquanto aguardava o atendimento para solicitar a segunda via do RG, foi surpreendida com notificações do aplicativo de um dos bancos, informando sobre saques efetuados.
“Fui tirar segunda via, até porque viajo para competir no fim do mês. Fui ao Super Fácil, em Macapá,´quando chegou uma mensagem no aplicativo de saques. Me espantei porque em canto nenhum deixei senhas, então como iriam sacar? E tinha sido sacado no caixa eletrônico”, disse.
Desesperada com a situação, Yndiraima Santos retornou para Santana até sua agência bancária onde, ela relata, foi destratada pelo caixa que a atendeu.
“Tentaram até me responsabilizar pelo ocorrido, dizendo que com certeza tinha no meio das minhas coisas [a senha], que a pessoa que me assaltou me conhecia, que dei as senhas. Disseram que, como sou deficiente, precisos de ajuda. Eu disse que não tem como. Então pedi pra verificar as imagens, então ele [o funcionário do banco] verificou a do caixa eletrônico e não dava pra ver a fisionomia dela”, contou Yndiraima.
Ela relatou também que o bancário chegou a dizer que a paratleta teria estado na agência, pediu uma senha, mas não foi atendida.
“Disse que não tinha como ter feito isso pois estava em Macapá tirando a segunda via do RG”, complementou.
Após a sugestão de verificar outras câmeras internas na agência, os funcionários do banco conseguiram obter uma imagem mais nítida da golpista que havia efetuado o saque. Ela havia apresentado um RG falso junto com o cartão e solicitado a mudança de senha. Em seguida, efetuou o saque e consultou o extrato.
Aí tudo mudou, ele [o funcionário do banco] já ficou muito mais solicito, verificou que ela pegou a senha, entrou ficou na frente dele e pediu a alteração das senhas e ele alterou pra ela”, disse.
A criminosa teria, em seguida, ido até outra agência bancária e efetuado o mesmo procedimento para fazer novo saque.
“Fui na delegacia registrar o boletim de ocorrência, quando chego na delegacia o gerente do banco ligou pra gente voltar porque ela [a bandida] tinha sido presa. Como o cartão estava bloqueado, ela foi na boca do caixa pra fazer o limpa na minha conta, foi quando foi presa”, complementou.
Ressarcimento
Após o episódio, uma das agências, a do Banco do Brasil explicou para a paratleta que o dinheiro sacado indevidamente seria ressarcido e descontado do salário do funcionário que cometeu o erro. O outro banco, a Caixa Econômica Federal, ainda não havia dado uma posição para a vítima até o fechamento desta reportagem.
Foto de capa: reprodução