DA REDAÇÃO
Usa-se a expressão “em política, até boi voa” para alianças inusitadas que surgem a partir de interesses comuns em determinados pleitos.
A eleição de 2018 do Amapá parece ter ganho nesta sexta-feira (19) um desses episódios em que coloca no mesmo campo adversários políticos históricos, pelo menos nos últimos 24 anos: o senador João Capiberibe (PSB), que disputa o segundo turno ao governo, e Gilvam Borges (MDB), candidato derrotado ao Senado.
Em sétimo lugar na disputa por uma das duas vagas ao Senado, Borges obteve 29.360 votos (4,21%) nas eleições do dia 7 de outubro.
Os dois se reuniram durante a manhã, na sede do MDB Amapá, em Macapá, e fizeram registro do encontro na página de Capiberibe no Facebook. De acordo com o candidato socialista ao Setentrião, a união tem como marco comum propostas de industrialização para o Estado.
“Atualmente, mais de 21% da nossa população está desempregada. Nós precisamos dar resposta para o nosso povo e só através da industrialização nós vamos mudar esse quadro”, afirmou Capiberibe.
Gilvam Borges, por sua vez, declarou que o antigo adversário tem propostas claras para desenvolver o Amapá e gerar empregos.
Rivalidade, denúncias e disputa por mandatos
Desde os anos 1990 em campos políticos opostos, João Capiberibe e Gilvam Borges já protagonizaram uma série de disputas não somente no campo político, mas também na esfera judicial. Os principais embates entre os dois políticos foram em disputas ao Senado.
Em 2002, quando ambos concorriam ao cargo, Capiberibe foi eleito e teve o mandato cassado três anos depois, após denúncia de Borges à Justiça Eleitoral sobre uma suposta compra de votos. Com decisão, o emedebista assumiu a cadeira do rival em Brasília.
Em 2010, os rivais voltaram a se enfrentar nas urnas com nova vitória de Capiberibe e nova impugnação de sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. Em novembro de 2011, a decisão foi revertida e o ex-governador foi reconduzido ao cargo.
A última disputa antes de 2018 entre os Borges e os Capiberibes ocorreu também em disputa ao Senado, em 2014. Nesse pleito, Gilvam contou com o apoio do ex-presidente José Sarney e perdeu para Davi Alcolumbre (DEM) que, na reta final da campanha, recebeu o apoio de Capiberibe.