SELES NAFES
Uma ex-vereadora de Laranjal do Jari, no Sul do Amapá, se tornou a deputada estadual bem mais votada do Estado nesta eleição. Alliny Serrão (DEM), de 33 anos, teve 8.987 votos, o equivalente a 2,35% do total apurado. Em entrevista ao Portal SelesNafes.Com, a deputada revelou que rodou mais de 170 mil quilômetros, entre a pré-campanha e a campanha.
Em alguns municípios como Oiapoque, por exemplo, que fica a 806 quilômetros de Laranjal, ela esteve cinco vezes, apesar da buraqueira da BR-156 em quase metade do percurso. Por conta dos longos períodos na estrada, o veículo virou uma espécie de segunda casa.
Há 8 anos Laranjal do Jari não tinha um representante na Alap. Os últimos, em 2010, foram Manoel Mandi e Meire Serrão, mãe do atual prefeito Márcio Serrão (PRB). Mandi morreu do coração logo após um assalto em Tocantins.
Laranjal do Jari também atravessa uma fase de bonança política. Entre 2012 e 2016, a cidade teve nada menos que cinco prefeitos. Um deles, que lutava para voltar a mandato (Zeca Madeireiro), morreu num acidente de trânsito a poucos dias de vencer na justiça.
Quando era vereadora, Alliny chegou a participar de duas comissões processantes de inquérito que investigaram dois prefeitos envolvidos em irregularidades.
Quem é…
Alliny tem três filhos e uma enteada. Nasceu no Vale do Jari numa família de grandes comerciantes da região. É esposa do prefeito Márcio Serrão.
Laranjal passou por maus momentos no campo político. Estabilizou?
Sim. A questão política e também administrativa. Foram quatro anos difíceis com pagamento de servidores atrasados e falta de merenda nas escolas, medicamentos. Fizemos um mandato combativo nessa época, mas foi difícil pela alternância. De manhã era um prefeito, a tarde era outro, e a noite outro. Na manhã seguinte tinha outro prefeito.
A senhora teve votos em todos os municípios?
Em todos, e muitos em Macapá.
Muitos candidatos a deputado estadual fizeram campanha propondo a redução do orçamento da Assembleia. A senhora também?
Sim. Isso é muito importante. Vivemos um momento difícil nessa crise que afetou todos os segmentos, principal o tripé: saúde, educação e segurança. Eu quero fazer um mandato participativo, mas também defendo muito a independência do Legislativo.
A senhora vai fazer oposição na Assembleia?
Ainda não sei porque não sei quem será o governador (referindo-se ao processo no TSE que pode mudar o cenário para o segundo turno). Vou reunir com nosso líder, Davi, e com o nosso senador para fazermos algumas conversas.
Qual foi o sucesso da campanha?
Vários fatores. Deus e a militância, que é muito forte. Participei das eleições de 2014 coordenando a campanha do meu esposo que foi candidato (a deputado estadual). Ele ficou em Laranjal do Jari e eu me desloquei a todos os municípios, o que fortaleceu as relações de amizade. Quando chegou a minha vez de ser candidata, e a gente não tinha planejado isso, a gente já tinha relações consolidadas. Sou muito dinâmica. Viajei 170 mil quilômetros de carro.
A senhora registrou isso?
Marcamos o início da quilometragem do carro, desde a pré-campanha. Em Oiapoque, que é o mais distante, fui cinco vezes. Laranjal, Santana e Macapá eu até perdi a conta. Eu vivo muito tempo dentro do carro que tinha de tudo, de lençol a medicamentos e maquiagem. Uma noite a gente estava em Porto Grande, e de manhã estávamos em Laranjal para caminhada. Foi a energia de ganhar que vez isso. A gente não esperava ser a mais votada, pensava que eu seria até a sétima mais votada. Estávamos acompanhando a apuração e a votação estava boa, porque achei que estavam apurando as urnas do Jari. Pensei que quando chegasse em Macapá haveria uma queda. Mas não foi isso que aconteceu. Foi uma votação histórica que só aumenta o tamanho da nossa responsabilidade.