Debate da Globo: pouca proposta e muita desconstrução

Debate na Rede Amazônica entre os candidatos teve poucas propostas e muita tentativa de desconstrução
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SELES NAFES

Frustrante o debate da Rede Amazônica, exibido ontem (2), ao vivo. Não por culpa da emissora, que mais uma vez demonstrou eficiência técnica e boa dinâmica na apresentação do programa, mas pelo nível propositivo dos candidatos, que tentaram mais desconstruir do que apontar alternativas para o Amapá.

Em quase duas horas de debate, o mais propositivo foi João Capiberibe (PSB), que já governou o Amapá em dois mandatos, entre 1995 e 2002. Ele prometeu baixar a conta de luz, retornar com os vigilantes às escolas e industrializar o Estado.

No entanto, pecou ao não explicar como irá fazer tudo isso num Estado que ainda não saiu da crise, tem pouco dinheiro, e que ainda depende dos recursos federais do FPE. Além disso, ao abrir mão dos vigilantes (a maioria acabou migrando para a iniciativa privada), o Estado passou a economizar mais de R$ 40 milhões por mês.

Capiberibe não disse de onde irá tirar o dinheiro para essa mudança, e nem como incentivará indústrias que exploram a soja, como as fábricas de óleo de cozinha, ração, entre outras. Também demonstrou se sentir incomodado com as críticas ao governo do filho, Camilo Capiberibe (PSB), e com a prisão de seu assessor no Senado, Juliano Del Castilho, na Operação Arauto, da Polícia Federal.

Waldez Góes, que deu bailes em outros debates, não estava bem. Sorriu pouco, falou apenas duas vezes com o telespectador, e decidiu confrontar Davi Alcolumbre, que também revidou.

Na primeira pergunta da noite, Waldez quis saber se Davi também votaria pela reforma da Previdência, a exemplo de sua atuação na reforma trabalhista.

Candidatos no estúdio Fotos: Rede Amazônica/Divulgação

Davi demonstrou que havia se preparado para a pergunta, ao responder que o candidato a vice de Waldez, Jaime Nunes, e o ex-presidente da Agência Amapá, Eliezer Viterbino, fizeram pleitos para que ele votasse pela reforma.

Waldez deixou de lembrar que, à época, que Viterbino e Jaime também eram representantes da classe empresarial. No entanto, preferiu responder que ele próprio nunca tinha feito esse pedido.

O atual governador, que tenta o quarto mandato, se concentrou na avaliação de governo, e na desconstrução da candidatura de Capiberibe também.

Davi demonstrou muita segurança e tranquilidade em todas as respostas e perguntas, mas também não explicou como irá desenvolver o Estado.

No entanto, arrancou risos de muita gente ao perguntar qual nota Capiberibe daria ao governo do PSB, conduzido por seu filho entre 2011 e 2015. Davi, que aderiu à campanha de Camilo no segundo turno de 2014, deu nota zero.

O mesmo fez Cirilo Fernandes, que se notabilizou no debate pelos ataques a Capiberibe e à Davi. Foi dele a pergunta sobre a prisão de Juliano Del Castilo e sobre quem destruiu a CEA. Por outro lado, o candidato de Bolsonaro também não apresentou nenhuma proposta que fugisse do lugar comum.

Sobre o formato, está mais do que na hora da Globo, Record e outras emissoras começarem a repensar.

Para o eleitor, ficou ainda mais evidente a necessidade de se avaliar muito bem quem vai merecer o voto no dia 7.

 

Seles Nafes
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