ANDRÉ SILVA
Quem caminha no entorno do Estádio Milton de Sousa Corrêa, o Zerão, na zona sul de Macapá, afirma ouvir barulhos vindos de dentro do prédio abandonado onde funcionaria a sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A obra está paralisada há mais de 2 anos e é alvo de denúncias de desvios de materiais de construção. A ex-presidente do tribunal e um irmão dela estariam envolvidos.
O esqueleto do prédio fica localizado na Avenida Aurora Boreal, próximo da construção do Hospital Universitário. Na região, praticantes de caminhadas dizem avistar assaltos e criminosos fugindo para dentro da obra.
“Eles se escondem aí dentro, quando a gente vê, eles já estão em cima. A gente vem vindo e, de repente, eles surgem, eu acredito que eles vêm daí de dentro”, acredita a dona de casa Edilamar Chaves, de 45 anos.
Outros pedestres encontrados próximo ao local dizem que evitam passar pela frente da obra quando escurece.
O TCE não quis se manifestar sobre o andamento do processo que apura a participação da ex-presidente no sumiço de materiais.
A obra
O prédio começou a ser construído em 2015, e o prazo para a conclusão dos trabalhos era para janeiro de 2016. No local, funcionaria a sede do TCE. No entanto, só 60% da obra foi concluída, e o local está abandonado há quase um ano. Até esta etapa, os gastos já teriam ultrapassado R$ 7 milhões.
Desvio de material
Em depoimento na Delegacia de Combate aos Crimes Fazendários (Defaz) da Polícia Civil, em abril deste ano, o ex-encarregado da obra Veridiano Bosque da Costa revelou que o material desviado estava indo para a reforma da casa da ex-presidente do TCE, Maria Elizabeth Picanço, e de um irmão dela, cuja identidade não foi revelada.