“Ah, Mizeravi” e o outro lado da piada

Compartilhamos, damos risadas, mas por trás de um meme pode estar uma história de sofrimento
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Crônica, por SELES NAFES

Os vídeos da vida real que viram memes são uma febre nas redes sociais. E são compartilhados numa velocidade supersônica, sempre com a boa intenção de arrancar risadas dos amigos e companheiros dos grupos.

Mas o que ocorreu na distante Feira de Santana, interior da Bahia, revela que por trás dos memes e vídeos engraçados podem se esconder verdadeiras histórias de sofrimento, como a do jovem Florisvaldo, hoje com 19 anos.

Aos 14, ele virou celebridade nacional com o vídeo “Rei da Matemática”, um sucesso no WhatsApp. No vídeo, gravado num celular em 2014, o menino é motivo de muitas risadas ao errar todas as respostas sobre matemática desde a mais simples como 2 + 2, que ele disse ser 5.

Na segunda-feira (19), muita gente ouviu falar do menino de novo. Um outro vídeo, gravado por vizinhos, mostrou o Rei da Matemática num profundo estado de desnutrição e depressão. Nas imagens, os moradores mostram que o garoto vive num lar de acumuladores de lixo.

“Lucas” no vídeo que ficou famoso

Deitado em um velho sofá, “Lucas”, como é conhecido, apenas assiste à entrada dos vizinhos que responsabilizavam a mãe dele pelo abandono. Na verdade, segundo a imprensa baiana, filho e mãe têm um tipo de doença mental. Os vizinhos resolveram divulgar os vídeos nas redes sociais para pedir ajuda ao jovem que parou de falar.

Memes nós recebemos todos os dias. No Amapá, as personagens mais conhecidas dos memes são a dona “Concita”, “Big-Big” e uma travesti que sempre é vista em Macapá trafegando em uma pequena motocicleta. Por onde ela passa, sempre tem alguém disposto a fotografar, filmar e fazer um novo meme.

Interior da casa onde Lucas estava vivendo…

…e agora amparado por vizinhos

Numa linguagem moderna que acompanha o advento das redes sociais, os memes equivalem às charges e tiras de bom humor dos jornais impressos, que antigamente tiravam sarro apenas com os políticos. Mas os memes não poupam ninguém.

Não nos damos conta que ao compartilhar um meme também é possível que estejamos praticando o famoso bullying.

Compartilhamos para arrancar risadas, mas nunca nos preocupamos em saber que histórias reais existem por trás de cada personagem que ajudamos a expor. É preciso ter respeito com a dignidade atropelada em nome da risada.

Seles Nafes
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