SELES NAFES
O presidente do Conselho Regional de Medicina no Amapá, Eduardo Monteiro (foto acima), disse nesta sexta-feira (16) que existem médicos brasileiros em número suficiente para ocupar os postos que serão deixados por 73 médicos cubanos que irão embora do Estado com o fim da parceria entre Brasil e Cuba, pacto que deu origem ao Programa Mais Médicos.
No entanto, o CRM afirma que para atrair esses profissionais será necessário que os municípios façam os investimentos mínimos de estrutura para atendimento e tratamento dos pacientes. Além disso, acrescentou, é preciso estabelecer um tempo máximo de permanência dos médicos no interior do Estado, já que eles precisam se especializar em centros urbanos.
“Existem 20 mil médicos brasileiros que se formaram no exterior e estão sem empregos, e agora estão fazendo o revalida para ocupar esses espaços”, comentou Monteiro. Além desses, a própria Unifap tem formado médicos. No ano passado, foram 30, e este ano serão mais 28 profissionais. A maioria afirmou que pretende atuar no Amapá, conforme informou o CRM.
Teste
Segundo Eduardo Monteiro, os conselhos regionais de medicina nunca tiveram gerência sobre os médicos cubanos porque eles nunca foram inscritos nos CRMs. Para serem inscritos, os profissionais caribenhos teriam que ter passado pelo “revalida”.
“É um teste de conhecimento que ocorre no mundo inteiro. Os médicos foram colocados nos municípios, mas não receberam condições para trabalhar, e ainda recebiam apenas 30% dos salários pagos pelo governo. O restante ia para o governo de Cuba”, acrescentou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede) criticou as exigências impostas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para continuar com o programa, entre elas o pagamento integral dos salários aos médicos e a vinda de suas famílias ao Brasil. Cuba rejeitou esses pedidos.
A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) informou que não possui nenhum profissional cubano em suas unidades de saúde, e que os municípios são responsáveis pelo gerenciamento desses profissionais.
Já a prefeitura de Macapá, que chegou a ter 45 médicos cubanos, confirmou que apenas 8 médicos restaram e estão distribuídos nos distritos do Pacuí, Bailique e Macapá. Eles deverão ir embora até o fim do ano.
O prefeito Clécio Luís lamentou o fim da parceria afirmando que isso afetará seriamente o atendimento nas comunidades mais distantes.
“Os quase 15 mil habitantes do distrito (Bailique) chegaram, graças ao programa, a ter cinco médicos, que levaram atendimento digno a todas as comunidades. Certamente, os dois médicos que ainda atuavam no local deixarão uma lacuna nos atendimentos a essa população”, comentou.