SELES NAFES
É um grande equívoco os rivais acharem que o PSB saiu da eleição com perda de musculatura. Muito pelo contrário. Apesar de ter perdido a vaga do Senado e o governo do Estado, 48% dos eleitores do Amapá disseram nas urnas que acreditam no modelo de desenvolvimento defendido por João Capiberibe, que aos 71 anos se reinventou na campanha deste ano.
Dono de dois mandatos de governador e um de prefeito da capital, o senador Capiberibe sustentou com competência um discurso arrojado, e demonstrou disposição física. Impressionou pela desenvoltura na hora de pedir votos, mas escorregou na costura de adesões para o segundo turno.
A pouca flexibilidade deixou claro que havia uma pré-disposição, talvez desde o início da campanha, para não fechar um acordo com aliados históricos do PSB, neste caso o senador Randolfe Rodrigues e o prefeito de Macapá, Clécio Luís, ambos da Rede Sustentabilidade.
Perto do final, e sem um acordo progressista fechado, eles liberaram as militâncias e assessores que acabaram fazendo campanha para Waldez Góes (PDT), o governador reeleito. Oficialmente, Davi Alcolumbre (DEM) também adotou a neutralidade, mas com certeza vai virar alvo do PSB neste novo cenário.
Capiberibe saiu da eleição muito maior do que entrou, e com a aliança recente com o ex-arqui-inimigo Gilvam Borges (MDB), dono de uma rede de emissoras de rádio no Amapá, o PSB viu aumentar sua capacidade de fazer oposição na base da contrapropaganda. Capiberibe passa a ter uma arma que sempre lhe faltou: comunicação.
Gilvam Borges já demonstrou que sabe como usar suas emissoras de rádios para derreter popularidades, Camilo Capiberibe que o diga quando era governador.
Os alvos agora serão: Waldez, Davi, Randolfe e Clécio.