ANDRÉ SILVA
“Desde o equipo até a losartana dela eu tenho que comprar. Ela sente muita dor”. O depoimento revoltado é de Elcilene Silva de Oliveira. A mãe dela estava internada há mais de dezesseis dias no Hospital de Emergência (HE) à espera de um leito no Hospital de Clinicas Alberto Lima (Hcal), onde precisa fazer uma cirurgia.
Além dela, outros pacientes foram ouvidos durante uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), nos dias 23 e 29 de novembro. O resultado da ação foi apresentada na tarde desta quinta-feira (20), durante coletiva de imprensa, na sede do conselho.
A mãe de Elenice estava com problemas renais e precisava realizar uma cirurgia. Exames laboratoriais e medicamentos, tudo teve que ser custeado por ela.
“Às vezes ela sente dor e não tem remédio. Ela tem que suportar a dor. Semana passada quase ela tem uma parada. A pressão dela foi lá pra cima”, relatou a filha.
Problemas estruturais
Os fiscais do CRM encontraram, além de falta de medicamentos e correlatos, falhas na estrutura do prédio como: paredes com infiltração, calor nas enfermarias, banheiros com vazamento, portas sem maçaneta, entre outros. O laboratório funcionando em condições precárias, sem elementos primordiais, como reagente, para realização de exames.
Já na sala semi-intensiva, o problema é a instalação elétrica. De acordo com o CRM, os funcionários relataram que há pane elétrica constantemente na sala e, muitas vezes, pacientes com paradas respiratória precisam ser ventilados manualmente.
Na chamada “sala vermelha”, onde os pacientes gravíssimos são atendidos, não há desfibrilador. A ausência do aparelho inviabiliza o principal objetivo do espaço, que é tirar pacientes de crises.
“Ela não existe. Não tem sala vermelha, não tem isolamento no hospital, o que é obrigado a ter. Não tem”, protestou o presidente do CRM, Eduardo Monteiro.
O presidente do conselho já foi diretor do HE e atende a especialidade de cardiologia no local. Monteiro disse também que na sua gestão chegou a estruturar uma sala para esse tipo de atendimento, mas segundo ele, ela deixou de existir.
“Não tem solução para o HE. Precisa de um novo hospital.E isso precisava ser para ontem”, disse.
Ele afirmou que o hospital tem apenas 106 leitos, mas recebe mais de 160 pacientes diariamente. Essa diferença, fica amontoada nos corredores e enfermarias da unidade e saúde.
Tomografia
O aparelho de tomografia está parado desde 2014. Dela para cá, o serviço passou a ser terceirizado. Há situações em que o resultado do exame leva dois dias para chegar para o paciente, afirmou o Monteiro.
“O paciente que podia fazer a tomografia e sair no mesmo dia, fica no hospital por mais tempo”, falou o presidente.
O CRM encaminhou um relatório para a Secretaria de Saúde o Estado (Sesa) e Ministério Publico Federal e Estadual, na tentativa de forçar uma solução para o problema.
A Sesa ficou de se pronunciar sobre as situações levantadas pelo conselho.