ANDRÉ SILVA
É só a chuva começar a cair vários dias seguidos para os problemas da cidade aparecerem. Dessa vez foi na rua 26 de Julho, no Bairro do Muca, zona sul de Macapá. A via ficou alagada e foi interditada por moradores com pedaços de paus, restos de cadeira, sofás e entulho de construção. Tudo porque cansaram de reclamar há anos pelo mesmo problema.
A água empoçada vem da área de ressaca, que margeia os dois lados da rua. Sem ter para onde escoar, transborda pelo asfalto até formar um lago. O mau cheiro provocado pela decomposição do lixo jogado por moradores no lago, incomoda. É o que diz o pastor Marcelo Kleber, de 45 anos.
Ele mora no local há mais de 15 anos. Além da igreja, Kleber tem um restaurante na rua e, segundo ele, o mal cheiro atrapalha os negócios.
“Chegou inverno é assim. Aí a população tem que fazer isso, interditar a rua pra ver se chama atenção das autoridades”, reclamou o pastor e comerciante.
Marcelo Kleber afirmou ainda que o local nunca recebeu um serviço adequado.
Fabio Augusto, de 46 anos, se mudou para a Rua 26 de Julho há cinco anos. Ele já testemunhou cinco épocas de chuvas no mesmo lugar e disse que sempre a rua alaga nesse período. O morador acredita ser necessário cavar uma vala na rua para a água poder escorrer.
“Isso ai não adianta mais manilha. Se colocar, ela vai afundar e entupir. Tem que cavar uma vala aí e colocar um elevado para os carros passarem”, sugeriu Augusto.
A Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou que uma das principais causas para o alagamento é a ocupação irregular do local. O lixo jogado por moradores acaba entupindo a manilha e impedindo a passagem da água.
O secretário, David Couvre, disse também que o local vai passar por uma intervenção definitiva, mas para isso precisa retirar uma casa que também atrapalha a passagem da água. O processo de desocupação está na Justiça.
A família que mora no local, segundo o secretário, foi contemplada com uma casa em um dos conjuntos habitacionais da prefeitura, inaugurado recentemente, mas se recusou a sair.
Uma intervenção para desobstrução vai acontecer na manhã de quinta-feira (20). No entanto, o secretário afirmou que será um serviço paliativo e emergencial. Estarão presentes outros órgãos de segurança, como Defesa Civil de Macapá e de serviços sociais para acompanhar os trabalhos.