GESIEL OLIVEIRA, geógrafo
Sobre a existência de corais na foz do Rio Amazonas, na costa do Amapá, um dos Estados mais pobres do Brasil, onde os setores primário e secundário são praticamente inexpressivos, onde o desemprego nunca esteve tão alto, todas as oportunidades que surgem de aproveitamento e exploração mineral, vegetal, geração de emprego e renda são abortadas de pronto pela força das ONG’s ambientalistas europeias e norte americanas.
ONG’s que recebem rios de verbas de empresas, e que pouco fiscalizam as suas nações de origem, direcionando toda sua atenção e foco ambiental para países pobres. O caso do Amapá é emblemático.
Ano passado, depois de uma campanha midiática internacional ferrenha, incluindo apelos de artistas internacionais, o projeto de regulamentação do RENCA, que já havia sido assinada pelo presidente da República e poderia tirar da clandestinidade mais e 4 mil trabalhadores que já estão na área há muitos anos, acabou sendo revogado, na força da campanha ambiental desvirtuada e carregada de exageros.
No dia 22 de outubro de 2017, o Fantástico da Rede Globo exibiu matéria produzida pelo jornalista Ernesto Paglia sobre a possibilidade de extração de petróleo no bloco submarino comprado e explorado pela Multinacional europeia TOTAL, que pretende explorar na costa do Amapá.
A abordagem apelativa, feita sob a visão ambientalista do Greenpeace, levou a empresa de exploração petrolífera TOTAL a ter três pedidos de autorização feitos ao IBAMA negados na tentativa de explorar o petróleo na costa amapaense.
No dia 05 deste mês, pesquisadores, empresários, forças armadas e demais membros da sociedade civil reuniram-se na Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) para discutir a questão do entrave em torno da liberação da exploração de petróleo na costa norte do Brasil, que também beneficiaria o Estado do Pará.
Os blocos de exploração foram adquiridos por meio de leilão, em 2013, por empresas estrangeiras que aguardam licença do Ibama para iniciar os processos. Contrária à exploração na região, a organização não-governamental Greenpeace lidera um grupo de ativistas que afirma que a operação pode causar impactos reais aos Corais da Amazônia, que a ONG diz existir.
A reunião da FIEPA, porém, teve como objetivo comprovar a falsidade do estudo defendido pela Greenpeace e que a exploração do petróleo é viável e fundamental para o desenvolvimento econômico da Amazônia, especialmente dos Estado envolvidos: Pará e Amapá.
Despejo do Amazonas
O encontro foi promovido pelo Centro das Indústrias do Pará (CIP), Associação Comercial do Pará (ACP) e Sistema FIEPA. Inúmeros estudos geológicos comprovam que as condições na foz do Rio Amazonas são geologicamente desfavoráveis, e quando o Greenpeace apresentou fotos e vídeos de supostos corais, isso chamou a atenção de especialistas em todo Brasil. Reunidos em Belém, eles publicamente refutaram as informações publicadas pelo Greenpeace.
E o argumento para essa desconfiança por parte dos especialistas é simples de se compreender. A cada segundo, o Rio Amazonas, o maior do planeta, despeja no mar 200 mil metros cúbicos de água – 60 vezes mais do que a vazão do Rio Nilo. A quantidade de sedimentos despejados nessa região é gigantesca. Toda essa água penetra oceano adentro por até 400 km, formando uma pluma de água doce, rica em sedimentos e de aparência barrenta, com até 25 metros de espessura.
Ela bloqueia a maior parte da luz do Sol, deixando a região abaixo numa penumbra, que, em alguns locais, recebe apenas 2% luminosidade normal. Esse é um dos últimos lugares do mundo em que se poderia encontrar um suposto recife de corais nas proporções afirmadas pelo Greenpeace.
A própria empresa TOTAL já havia informado que em seus estudos do solo marinho, que havia constatado a inexistência de corais nesta região.
O objetivo aqui era evidente dessa ONG: impedir a exploração de petróleo. Vários pesquisadores reunidos em Belém, inclusive do departamento oceanografia da Marinha, geólogos de universidades e ligados a renomados grupos de pesquisa, disseram o seguinte reunidos em Belém/PA: o Greenpeace não apresentou o relatório científico completo, não deu acesso à íntegra das imagens obtidas, tampouco do local, data e metodologia científica utilizada.
Não houve publicação científica como exige a metodologia científica, nem detalhamento das minúcias da descoberta. Enfim, o Greenpeace se limitou a mostrar fotos e um vídeo nas redes sociais e por meio de uma matéria do Fantástico da Rede Globo, dizendo que havia descoberto recifes de corais na foz do Rio Amazonas, e que uma eventual exploração ou estudos de prospecção petrolífera poderiam alterar aquele ambiente aquático, criando uma celeuma ambiental de valor científico duvidoso que foi evidentemente utilizada para impedir a exploração petrolífera na foz do Rio Amazonas.
Ao que tudo indica, as imagens e fotos não condizem com o ambiente da foz do Rio Amazonas, que projeta a sedimentação de seus 7 mil de quilômetros de extensão em uma área na foz do Rio Amazonas que se projeta do Maranhão, Amapá, Pará até a Guiana Francesa.
O suposto navio “Esperanza” do Greenpeace anunciou que fez a descoberta a 135 km da Costa, o que geologicamente é altamente improvável, visto que a área de deposição sedimentar na foz do Rio Amazonas alcança mais de 400 km, ou seja, não há nenhum registro, de acordo com dados do departamento de oceanografia da Marinha em área de sedimentação da foz do Rio Amazonas, que registre a presença de recifes.
Fotos de outro local
Lembrando que existem vários estudos, levantamentos e mapeamento do solo do oceano nesta região. O equipamento utilizado pela ONG (um submarino amador) não poderia visualizar e registrar nada semelhante a corais em profundidades como essas.
Então, chegou-se à conclusão que essas imagens foram gravadas em outra área da costa brasileira e atribuída dolosamente, e com direcionamento de interesses diversos, à foz do Rio Amazonas. Por outro lado, estima-se que as reservas de petróleo naquela parte da costa do Amapá alcancem 14 bilhões de barris.
A Agencia Nacional de Petróleo (ANP) leiloou mais de 150 blocos, adquiridos por várias empresas petroleiras. Está prevista a perfuração de poços de prospecção em 12 deles. O que ninguém tem se perguntado, é: com que autorização legal uma ONG estrangeira tem realizado uma pesquisa de cunho duvidoso em área da costa marítima brasileira?
Agora, com a negativa do IBAMA, não resta outra possibilidade à empresa TOTAL a não ser explorar petróleo a partir da plataforma na Guiana Francesa, e o Amapá agora poderá cuidar dos seus recifes de corais tranquilamente enquanto seu povo desempregado fica literalmente “a ver navios”.
Gesiel Oliveira é geógrafo, amapaense, formado pela Universidade Federal do Amapá e autor do livro “Sinopse Histórico-Geográfica do Amapá”.