Tarde demais

Família irá processar o Estado pela morte de Jonivaldo Silva dos Santos, que necessitava de drenagem nos pulmões
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ANDRÉ SILVA

“Meu filho entrou andando no Pronto Socorro e saiu morto”. Assim, lamentou a  mãe do jovem que morreu, depois de passar 21 dias internado no Hospital de Emergência de Macapá (HE).

Jonivaldo Silva dos Santos entrou em coma há quatro dias, mas a situação piorou e ele não resistiu e morreu na manhã de quinta-feira (6). O corpo do jovem foi velado na tarde desta sexta-feira (7), em uma capela no Bairro Santa Rita.  

Familiares e amigos se despediram de Jonivaldo Silva dos Santos Foto: André Silva

Um dia depois de entrar em coma, Joniovaldo havia completado 26 anos de idade. Já internado, depois de uma grande crise de dor e falta de ar, teve que ser sedado e colocado em uma maca, dentro de uma sala usada para aplicar medicação em pacientes porque, segundo a direção do hospital, não havia leito desocupado na Unidade de Terapia intensiva (UTI).

Depois de denunciar a situação nas redes sociais, Nadir Barros da Silva, de 52 anos, mãe do rapaz, disse que conseguiram colocá-lo em um leito, mas era tarde demais.

Jovem chegou ao aniversário de 26 anos em coma Fotos: André Silva

A perda do primeiro pulmão

Jonivaldo Silva sempre foi um jovem que esbanjou saúde, segundo a família. Sempre muito carinhoso, era o único entre os irmãos que ainda morava na casa da mãe. Dona Nadir lembra que o filho sempre a ajudou nas despesas da casa.

Em 2013, depois de uma inflamação severa em um dos pulmões, o jovem foi submetido a uma cirurgia e teve um dos pulmões removido. Desde então, ele passou a contar apenas com um dos lados do órgão. Depois de se recuperar, voltou a trabalhar, mas sempre teve dificuldades em respirar.

A última crise

No dia 14 de novembro deste ano, Jonivaldo deu entrada no HE depois de passar pela unidade de Pronto Atendimento no Bairro Zerão. Ele apresentava dor e falta de ar e o médico prescreveu tratamento com aerosol, aplicação de antibióticos, entre outros medicamentos, e solicitou uma tomografia do tórax.

Nos dias que se seguiram, a situação do rapaz só piorava e no dia 4 de dezembro ele entrou em coma. A mãe lembrou com lágrimas as últimas palavras do filho.

Mãe acompanhou últimos momentos do filho

“Uma enfermeira, que eu não sei o nome, apareceu e eu disse: olha ele está passando mal. Ela disse ‘espere aí’. Quando ela voltou, aplicou uma dipirona nele. Ela disse: ‘fale com ele, fale com ele par ele ficar acordado’. Eu tentei falar e ele não conseguia responder… (chorando). Ele disse: ‘não me deixe sozinho mãe’. E fechou os olhos”, lembrou a mãe.

A família disse que vai levar o caso ao Ministério Público do Amapá e culpar o Estado pela morte do filho, alegando negligencia no atendimento ao rapaz no HE. Jonivaldo não era casado e não deixa filhos.

Foto de capa: André Silva

Seles Nafes
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