CRM encontra quase 70 irregularidades no Hcal

Não realização de exames e medicamentos vencidos foram alguns dos problemas encontrados
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RODRIGO INDINHO

O Conselho Regional de Medicina do Amapá (CRM-AP) fiscalizou nesta quinta-feira (10) o Hospital de Clínicas Dr. Alberto Lima (Hcal), em Macapá. Diversas irregularidades foram constatadas na estrutura, UTI, enfermarias, centro cirúrgico, farmácia, repouso médico e outras repartições. A demanda é do Ministério Público do Amapá (MP-AP) e Ministério Público Federal (MPF).

Durante a fiscalização, as salas do centro cirúrgico estavam sem medicamentos anestésicos, o que gerou o cancelamento de pelo menos 20 cirurgias do dia 9 até 11 de janeiro. Foi constatado que os exames básicos, como o hemograma, não vêm sendo realizados pelo Hcal. Pacientes chegaram a comprovar exames feitos em laboratórios particulares.

Medicamentos vencidos…

 

… estariam sendo disponibilizados. Sesa irá apurar situação Fotos: CRM/divulgação

Medicamentos com a validade vencida desde novembro de 2018 estavam no carrinho de emergência, pronto para o uso. Foi encontrado um extintor vencido desde 2009. Na enfermaria oncológica, as lâmpadas estão queimadas e funcionários precisam usar a luz do celular para realizar a pulsação venosa.

Foi flagrado o descarte irregular de lixo hospitalar em caixas de papelão. Nas enfermarias, homens e mulheres compartilham o mesmo espaço sem divisórias ou biombos, o que não pode. Os funcionários estão sem condições de trabalho.

Obras paradas e deterioradas no hospital seriam por conta da suspensão de convênio com governo federal

A falta de materiais correlatos também foi alvo de denúncia. Através de relatórios da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar foi constatado a falta de insumos, como sabão líquido, papel toalha, álcool e até de fornecimento de água.

A UTI está sem farmácia, e dos dez leitos, três estão desativados (leitos 3, 9 e 10) e até luvas cirúrgicas estão em falta. O presidente do CRM-AP, Eduardo Monteiro, informou que também faltam plantonistas no Hospital.

“Como os especialistas tem um limite de plantões acaba tendo falta na escala. Isso foi constatado principalmente com caso de nefrologia”, disse.

Eduardo Monteiro (presidente do CRM): faltam plantonistas

Ao todo, foram constatadas 68 irregularidades e 26 recomendações. O relatório foi entregue para a Sesa no final da fiscalização. O CRM informou que será elaborado um documento mais consistente e enviada a pasta aos ministérios público estadual e federal.

“Nós esperamos que quando o gestor receber o relatório tome as medidas para que se possa fazer as correções necessárias e que não haja a necessidade de tomar uma atitude mais drástica. No caso, a interdição. Para isso mandaremos o documento dando prazos para que seja feita a correção. Por exemplo, na estrutura física é um prazo mais longo, já em situações como medicamentos, situações de luvas e de exames, o prazo é mais curto”, finalizou Eduardo Monteiro.

Lixo despejado de forma irregular

 

Ferrugem tomando conta de aparelhos envelhecidos

Secretaria de Estado de Saúde

O secretário de Saúde, Gastão Calandrini, recebeu a imprensa no início da noite e afirmou que o Estado tem conhecimento das condições do hospital que tem cerca de 50 anos.

Calandrini respondeu sobre alguns dos problemas levantados pelo CRM.

Secretário Gastão Calandrini respondeu a alguns dos problemas elencados

Reforma: Há uma empresa contratada para reforma pontual e pequenos serviços. Há também um projeto de reforma e ampliação que foi suspenso por conta da interrupção de convênio com governo federal. O Estado assumiu sozinho a obra em leitos e enfermaria.

Medicamentos: os fornecedores locais estavam com os medicamentos em falta por conta das férias dos laboratórios nacionais, o que dificulta o abastecimento.

Não realização de hemogramas: por falta de pagamento, o que inviabilizou insumos e o serviço, mas foi normalizado o repasse para a empresa responsável. O atraso se deu por conta da falta de recursos.

Material acumulado de forma irregular no hospital

Medicamentos vencidos: o secretário disse que não tem como pontuar e que, possivelmente, estavam sendo encaminhados para descarte. Deve ser aberto procedimento de sindicância para apurar o caso.

Leitos: estão sendo tomadas providencias para reativação dos leitos que não estão funcionando.

Funcionários: está sendo readequado o quadro de funcionários para evitar que faltem profissionais, como nefrologistas.

Cirurgias: as cirurgias que não ocorreram serão reagendadas.

Seles Nafes
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