Por LEONARDO MELO
Na manhã desta quarta-feira (23), o empresário José Hernandes Trindade, de 40 anos, que cumpre prisão no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen) por homicídio, foi escoltado até a Delegacia Especializada de Crimes Contra a Pessoa (Decipe), para ser ouvido pelo delegado Wellington Ferraz.
O depoimento trata da morte de Mailson de Souza Ferreira, de 26 anos, assassinado com vários tiros no dia 7 abril de 2017. O crime aconteceu na frente de um comércio, localizado no Conjunto Hospital de Base, atrás do Residencial São José, no Bairro do Buritizal, zona sul de Macapá.
Um vídeo gravado pelas câmeras de segurança do estabelecimento, mostra o atirador com as mesmas características do empresário. Esse foi o ponto inicial que levou a polícia a encaminhar o caso à perícia.
Mesma arma usada em execução na hamburgueria
Os exames balísticos feitos mostram que a pistola calibre 40, modelo 24/7, apreendida com o empresário após o homicídio que ele cometeu no dia 16 de novembro do ano passado, é a mesma usada no homicídio ocorrido no Hospital de Base.
Em 2018, Trindade assassinou em uma hamburgueria, no Bairro do Trem, Carlos Alexandre, de 37 anos.
Após disparar várias vezes contra a vítima, que transitava em via pública, o assassinato foi consumado quando Carlos Alexandre tentou se proteger dentro do estabelecimento comercial, no entanto não obteve êxito.
Após invadir e matar a vítima dentro da hamburgueria, o empresário tentou fugir de motocicleta, mas caiu ao ser baleado por um policial que estava de folga e foi preso.
Provas periciais
Apesar da negativa de autoria, Ferraz ressalta que as provas periciais não deixam dúvidas. Trindade foi o autor dos dois crimes.
“Mailson foi morto por um suposto motoqueiro que o executou e fugiu. O crime estava aparentemente sem autoria, mas os peritos conseguiram recolher estojos e projéteis do corpo da vítima. Tínhamos imagem dessa execução, mas essas primeiras provas não foram suficientes. A perícia então comprovou que o projétil saiu do cano da arma [de Trindade] e os estojos também”, disse o delegado.
O perito Jovani dos Santos explicou que o procedimento usado para a descoberta da arma foi o de microcomparação balística.
“Cada arma tem uma característica única, mesmo da mesma marca. Através de microrranhuras, conseguimos identificar o cano da arma e o mecanismo que percutiu os estouros. Nesse caso haviam dois canos. O autor do disparo substituiu o cano da arma, mas conseguimos identificar que antes de trocar o cano ele efetuou os disparos na execução de Mailson”, expôs Santos.
Motivação
O delegado Wellington Ferraz finalizou informando que a motivação para os crimes cometidos pelo empresário continua sendo investigada. No depoimento, Trindade se nega a falar sobre o assunto. O inquérito segue ao Ministério Público e ele responderá por mais um homicídio.