RODRIGO INDINHO
O vídeo de uma travesti que se identifica como “Bárbara Kelly”, e que está circulando no WhatsApp e no Facebook, vem indignando internautas do Amapá, chamou a atenção da polícia e do movimento LGBT.
Não foi possível saber a data específica em que o vídeo foi gravado, mas ele é recente. As imagens mostram que a travesti é alvo de chacota de um grupo de mototaxistas, no Centro Comercial de Macapá. Um deles chega a dar um tapa na bunda dela.
Bárbara Kelly é chamada de “diva” nas redes sociais, e chama a atenção por seu jeito irreverente, ousado e carismático de se vestir e agir. Ela é registrada nas mais diversas situações pela cidade de Macapá: passeando de motocicleta, fazendo alongamentos na orla da capital, realizando compras, e até em shows e clipes comemorativos que são muito compartilhados na rede.
Mas este último vídeo publicado vem indignando grande parte dos internautas. O vídeo, considerado desrespeitoso e um crime, foi gravado em uma calçada na Rua São José, no Centro comercial de Macapá. Um mototaxista pergunta de forma sarcástica:
“Quer um mototáxi, meu amor?”, e lhe dá um tapa na nádega. E finaliza dizendo: “Ô digaçada”.
É possível ouvir risadas no vídeo. Bárbara, como na maioria dos vídeos, não reagiu, mas mostrou ter ficado chateada com o gesto.
Desta vez, o vídeo não provocou risadas nas redes sociais. No Facebook, muitos internautas manifestaram solidariedade à Bárbara Kelly, e uma campanha se intensificou após publicações com legendas machistas.
“Dê a César o que é de César, e para a Bárbara (e para qualquer outra pessoa) aquilo que você também precisa, RESPEITO”, diz uma das centenas de publicações de protesto.
As publicações de carinho inúmeras.
“Eu sou fã da Bárbara Kelly, sou fã dessa pessoa maravilhosa que vive em minha terra Tucuju (…) amo teu jeito de ser e tenham respeito por ela”, diz uma das frases.
Caso de polícia
A delegada Katiúscia do Amaral, da Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM), informou que mesmo não sendo de competência da delegacia, Bárbara Kelly poderá registrar o boletim de ocorrência na DCCM, e o caso será encaminhado para a delegacia competente.
O mototaxista poderá responder pelo crime de importunação sexual ou como injúria real.
“Pode ser enquadrado no Art. 215-A. Praticar, contra alguém e sem a sua anuência, ato libidinoso, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena – reclusão, de um a cinco anos, se o ato não constitui crime mais grave. Caso a intenção do agressor tenha sido a de humilhar a vítima, poderá ser enquadrado como Injúria Real – Art. 140, parágrafo 2 (vias de fato), do Código Penal. Pelo vídeo, penso que está mais para injúria real mesmo, mas teria que apurar o fato para ter certeza.”, finalizou a delegada.
“Isso é assédio, e seria assédio se fosse com qualquer outra pessoa passando pela rua. Não dá para pegar no corpo de outra pessoa sem autorização”, explicou André Lopes, uma das lideranças mais conhecidas do movimento LGBT.