Por SELES NAFES
Uma pastora evangélica e a mãe dela estão sendo acusadas de agredir um casal LGBT, num episódio ocorrido na madrugada do último dia 2, no Bairro do Trem, na área central de Macapá, próximo de uma congregação. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Amapá como violência homofóbica.
Segundo a advogada Vanessa Cruz, que dá assistência às vítimas, o casal e mais dois amigos, todos com idades entre 18 e 20 anos, estavam em frente a um prédio, perto da igreja evangélica, esperando a chegada de um motorista de aplicativo. Eram 4h da madrugada.
A advogada nega que os quatro jovens estivessem cometendo algum tipo de transtorno ou vandalismo quando surgiram a mãe e a filha pastora acompanhadas de dois homens.
“Eles estavam apenas indo deixar uma amiga que mora ali próximo, e pararam para aguardar o motorista da Uber que acabou indo buscar eles num lugar próximo de lá, já que foram obrigados a fugir com as agressões”, disse a advogada.
“Uma agrediu verbalmente, e a outra bateu com um instrumento que eles (rapazes) não conseguiram identificar. Parecia um chicote”, acrescentou.
Os pais dos jovens agredidos resolveram acionar a polícia. As vítimas foram submetidas a exames de corpo de delito, e o laudo será enviado para compor inquérito na delegacia de polícia no prazo de 10 dias. A mãe e a pastora, que não tiveram os nomes divulgados, já foram identificadas, mas ainda não prestaram depoimento.
“A gente sabe que a maioria dos evangélicos não tem a mesma opinião dessa pastora. Estamos preocupados com o bem-estar dessas pessoas que foram agredidas da forma mais desumana possível. Infelizmente esses casos estão aumentando em todo o Brasil em função do acirramento político gerado durante a campanha do novo presidente. Quando ele era candidato fazia um discurso de autorização do ódio”, avaliou André Lopes, da União Nacional LGBT no Amapá.
A direção do movimento diz que nos últimos cinco dias foram registrados cinco casos de violência contra a comunidade LGBT.
“Neste caso a agressão ocorreu por serem LGBTs. Foram chamados de viadinhos e vagabundos. (…) Já registramos a truculência da Guarda Municipal contra jovens na Praça Floriano Peixoto, e houve também na (Avenida) Antônio Coelho de Carvalho um caso de ameaça a um jovem com uso de um terçado”, citou Renan Almeida, diretor de relações institucionais da UNA LGBT.