Conselho de Enfermagem pede interdição ética do HE

Conselho confirma que fará interdição ética caso não seja apresentado plano de recuperação da unidade de saúde
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Por RODRIGO INDINHO

Após inspeções feitas dentro do Hospital de Emergência de Macapá, em 2018 e em 2019, o Conselho Regional de Enfermagem do Amapá (Coren-AP) pretende realizar uma “interdição ética” na unidade de saúde. Na prática, o procedimento significa impedir os profissionais de enfermagem de exercer a profissão no local de trabalho, devido as condições insalubres e os riscos oferecidos tanto aos servidores quanto à população.

“A sindicância vai retornar ao HE, solicitar o ajuste imediato e, caso não faça, vai ser feita a interdição ética, que é a proibição do profissional de enfermagem em atuar naquela atividade até que seja resolvida a situação. Assim estamos assegurando o profissional  e assegurando o paciente”, explicou a presidente do Coren-AP, Emília Pimentel.

Coren decidirá sobre período de interdição, enquanto aguarda apresentação de plano de recuperação do hospital. Foto: Rodrigo Indinho

A decisão de quando ocorrerá a interdição deve sair nesta sexta-feira (1º), em reunião do conselho. Entre as maiores preocupações no momento, segundo o Coren, está a situação da sala de imunobiológicos do HE, onde são armazenadas as vacinas.

Segundo a presidente do conselho, durante as fiscalizações feitas em conjunto com a Promotoria de Saúde do Ministério Público e Conselho de Medicina, foi constatado que as vacinas estão sendo preservadas em temperatura acima de 11 graus, quando o recomendável é que os produtos estejam à temperatura entre 2 e 8 graus.

“A população hoje está tomando imunobiológicos que não temos certeza se tem ação, com temperatura inadequada.Com o armazenamento inadequado da geladeira, aquilo provavelmente é água gelada que está sendo aplicada, infelizmente”, diz a presidente do Coren, ouça:

Emilia Pimentel explicou também que o HE já recebeu notificações sobre a situação não somente do setor de imunização, mas de outros espaços, como tomografia, UTI, dentre outros que funcionam igualmente em condições precárias. 

Inspeção em 2018 apontou irregularidades no hospital Foto: CRM

A última visita à unidade aconteceu no dia 22 de fevereiro. No dia 15, havia sido enviada nova notificação dando 48 horas para apresentação de um plano de recuperação do hospital, mas não houve retorno da direção. 

“Como acabou o prazo, fizemos uma nova visita e identificamos que foi feita a troca da sala de vacina, porém, as irregularidades continuavam as mesmas. Desorganizados em termos de estrutura dentro da geladeira, termômetro com a temperatura acima do previsto (…). Quer dizer, se chegasse um paciente para fazer uso corre risco”, complementou.

Coren notificou direção do hospital duas vezes este ano. Foto: CRM

A representante do Coren informou ainda que todos os problemas identificados constam em relatório e em processo da Promotoria de Saúde.

“O conselho está para ser um apoiador da gestão, mas nesta situação, dando todos os prazos, todos os limites, a gente não pode ficar à mercê dessa situação e deixar a população desprotegida”, destacou.

Estrutura física precária inviabiliza atividades dos profissionais da saúde, segundo o conselho. Foto: Olho de Boto

Emília Pimentel disse ainda que, caso nesse período de sindicância a gestão ainda consiga se adequar, não haverá interdição ética.

“No caso, essa interdição seria parcial. Apenas desse serviço [imunização], dando um prazo curto pra que esse gestor se organize e para que a população não deixe de receber esse imunobiológico”, finalizou.

O diretor do Hospital de Emergência, Paulo Duarte concedeu entrevista ao Portal SelesNafes.Com, onde fez um relato de todos os investimentos feitos recentemente no HE. A reportagem será publicada ainda nesta sexta-feira (1º).

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