Por OLHO DE BOTO
A Polícia Civil do Amapá aguarda a transferência do dono do consórcio Eletro-Motos, Francinaldo Lacerda Dutra. Há duas semas ele está preso no Maranhão, onde levava uma vida de ostentação. Foi condecorado por políticos, frequentava a alta sociedade e realizava eventos de motocross em várias cidades.
Enquanto isso, no Amapá, dezenas de pessoas que compraram cotas do consórcio Eletro-Motos, entre 2009 e 2014, ficaram num prejuízo que ultrapassa meio milhão de reais.
“Ele chegou a contemplar um ou outro, mas apenas para ganhar a confiança e receber mais clientes. Mas a ideia sempre foi ludibriar. A empresa não tinha registro no Banco Central e depois ele saiu da sociedade colocando laranjas no lugar. Ele chegou a um montante grande (de dinheiro), fechou e foi embora”, explica o chefe de Polícia Interestadual, Fábio Araújo.
Um inquérito na Delegacia de Crimes Contra o Consumidor reuniu 94 vítimas, mas, depois da divulgação da notícia da prisão, outras dezenas de pessoas procuraram a polícia para informar que também foram enganadas.
“O local (sede da Eletro-Motos) que era alugado por eles fechou, e fugiram correndo, deixando para trás documentos da própria empresa que foram levados pelo dono do imóvel para a delegacia. Bloquearam o Facebook. (…) Quiseram se desvincular daqui levando o dinheiro das vítimas”, resumiu o delegado.
No Maranhão, o “empresário” recebeu título de cidadão honorário. Ele gostava de exibir o patrimônio em postagens nas redes sociais. As fotos eram de motos, carros de luxo e imóveis, como uma chácara.
Segundo o delegado Fábio Araújo, ele se infiltrou na sociedade maranhense rapidamente, e estava aplicando o dinheiro de clientes do Amapá em novos negócios, como um lava-rápido para veículos, eventos de corrida de motos, aparelhagens de som, e uma chácara onde realizava eventos.
“O estelionatário tem essas características, de falar bem, se aproximar de pessoas da alta sociedade. (…) Estava se preparando para dar outros golpes. Ele conquista a confiança das pessoas para depois usar a má fé”, analisa o delegado.
A Polícia Civil do Amapá aguarda a emissão das passagens para buscar o estelionatário, o que deve ocorrer nos próximos dias. No Maranhão, ele já respondia a um processo por lavagem de dinheiro, informou o delegado.
Esta semana, o Ministério Público do Amapá começou a convocar as vítimas para procurar a Promotoria de Defesa do Consumidor. A Prodecom irá ajuizar as ações pelo ressarcimento dos danos aos clientes enganados.