Em julgamento, tenente chora e pede desculpas à família de jovem morto

Durante julgamento, perito demonstrou que tiro que acertou nuca da vítima foi de extrema dificuldade
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

O tenente da Polícia Militar do Amapá, Dilermano do Carmo da Luz (de camisa azul na foto acima), de 54 anos, chorou durante seu depoimento na audiência de julgamento do processo, que começou no início da manhã desta segunda-feira (15), no Tribunal do Júri de Macapá. Ele ficou de cabeça baixa durante todos os depoimentos.

O oficial também pediu desculpas à família do vigilante Fernando da Silva e Silva, de 26 anos, que ele matou após uma discussão em um “mercantil 24 horas” localizado na Rua Santos Dumont com a Avenida Caramuru, no Bairro do Buritizal, zona sul da capital.

O homicídio ocorreu no início da manhã do dia 18 de fevereiro de 2017. Segundo os autos do processo, Fernando tentou fugir quando viu a pistola do policial, mas foi atingido por um tiro na nuca. O tenente já havia sido instrutor de tiro da PM.

Durante o julgamento, houve o depoimento de um perito que atuou no caso. Ele informou aos jurados que durante as investigações fez simulações para verificar as condições em que o tiro foi dado, a uma distância de aproximadamente 15 metros.

Promotor e jurados observam imagens do circuito de câmeras que filmou o homicídio. Fotos: Leonardo Melo

Momento em que Dilermano da Luz aponta pistola: tiro de extrema dificuldade

O perito disse que reproduziu a mesma situação 100 vezes, e em apenas três oportunidades conseguiu acertar o alvo. No entanto, nenhum dos tiros foi certeiro como o do tenente Dilermano, que atingiu a nuca do vigilante. O perito informou que acertou apenas o dorso, um braço e uma parte da cabeça. 

Por isso, a defesa do tenente afirma que o tiro de extrema dificuldade, com o alvo em movimento, teria sido uma fatalidade, e que o próprio policial não acreditava que fosse acertar. A intenção, segundo Dilermano da Luz, era apenas assustar.

“Estamos defendendo a tese da culpa consciente, de que não houve dolo. Ele não queria esse resultado, por isso deve responder por homicídio culposo nessa modalidade”, argumentou o advogado Charles Bordallo.

Já a acusação, conduzida pelo promotor Iaci Pelaes e um advogado contratado pela família, pede a condenação por homicídio com três qualificadoras: motivo fútil, dolo direto e dificuldade de defesa da vítima, o que pode resultar numa pena de 12 a 30 anos de prisão. O tenente respondeu a todo o processo em liberdade.

Muitos parentes e amigos de Fernando acompanham o julgamento

Testemunhas

No julgamento o juiz ouviu cinco testemunhas de defesa e uma de acusação. Por volta das 17h30min, o julgamento entrou na fase de tréplica.

Depois das explanações, os jurados seguirão para a sala secreta onde decidiram sobre o destino do tenente Dilermano da Luz. Depois disso, caberá ao juiz definir o tamanho da pena, a chamada dosemetria.

Quando o crime ocorreu, o oficial da PM estava completando 27 anos na  Polícia Militar, e estava há apenas três anos de pedir a aposentadoria.

Muitos amigos e familiares vestindo camisetas com a foto de Fernando Silva estão acompanhando o julgamento do jovem, que estava prestes a iniciar o trabalho em um novo emprego.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!