Por SELES NAFES
Na análise das mensagens recuperadas do aplicativo WhatsApp, em celulares apreendidos na primeira fase da “Operação Cícero”, em dezembro, os peritos da Polícia Federal descobriram a existência de um “grupo” supostamente criado para angariar votos até dentro da penitenciária do Amapá (Iapen). Os votos seriam destinados à então candidata a deputada federal, Aline Gurgel (PRB).
O Portal SelesNafes.Com ainda não conseguiu falar com a deputada.
O processo corre em segredo de justiça, mas o Portal SN teve acesso à decisão do juiz Luiz Nazareno Hausseler, da 2ª Zona Eleitoral de Macapá, que emitiu os mandados de busca e apreensão no dia 21 de fevereiro. As ordens foram cumpridas hoje (9), na 2ª fase da operação, em endereços ligados à campanha de Aline Gurgel.
A Polícia Federal chegou a pedir a prisão temporária de envolvidos, mas o magistrado indeferiu o pedido.
Os imóveis onde os mandados foram cumpridos são de pessoas que atuaram na coordenação da campanha, e de um empresário que teria repasso R$ 50 mil para a então candidata. A coordenadora do grupo do WhatsApp “Prioridades Aline” seria Jussara Souza Duarte, assessora de Aline Gurgel.
“(…) Pelo menos em princípio, uma rede de contatos ligados à deputada federal Aline Gurgel, cujo intuito estaria voltado a angariar, ilicitamente, votos a então candidata”, disse o magistrado em sua decisão.
Numa das conversas extraídas pelos peritos, há um diálogo que cita a necessidade de liberação de R$ 1,5 mil para a compra de 100 votos dento do Iapen.
Pelo Código Penal, apenas os detentos condenados têm os direitos políticos suspensos, o que permite que presos ainda não julgados possam exercer o voto. Normalmente, no dia da votação, a Justiça Eleitoral instala urnas eletrônicas dentro do Iapen.
Os mandados de busca e apreensão tiveram como alvo oito endereços. Os policiais apreenderam pendrives, celulares, documentos e HDs.
“A medida pleiteada poderá esclarecer satisfatoriamente as circunstâncias em torno dos eventos delitivos investigados, os quais sejam capazes de orientar uma linha segura de investigação”, justifica o juiz.