Por RODRIGO INDINHO
Um dos momentos mais felizes da vida de uma mulher é a gravidez, e, certamente, dar à luz. Mas, para uma jovem de 24 anos, o que seria realização de um sonho se tornou pesadelo, em Macapá. Josimara Santana Agenor está internada no Hospital da Mulher Mãe Luzia com o bebê de nove meses de gestação morto há 5 dias em sua barriga.
Segundo a família, os médicos se recusam a retirar a criança. O bebê, que já tinha o nome escolhido, Jean Carlos, havia parado de se mexer na barriga da mãe desde o domingo (21). A descoberta da morte se confirmou na segunda-feira (22) em um hospital particular, onde os médicos não conseguiram auscultar os batimentos da criança. A mãe, então, foi para a Maternidade Mãe Luzia, onde foi constatado o óbito.
Josimara está internada desde então, no leito B da sala de pré-parto, para a retirada do feto. Mas o procedimento ainda não foi feito, mesmo após dias da constatação e da internação.
De acordo com o esposo dela, Ângelo Carlos, de 43 anos, o médico informou que precisa seguir um protocolo da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que diz que para poder retirar a criança a mãe precisa passar por um procedimento. Ângelo está desesperado.
“Eles afirmaram que não existe cesária para criança em óbito, enquanto não passar pelo tal procedimento, pode passar até 10 dias. Além da dor pela perda do meu filho, tenho medo de perder minha mulher, não sei mais o que fazer”, disse, extremamente abalado.
Ele ressaltou que o único medicamento dado para a mulher é o soro. Ele teme uma infecção e que a mulher não resista.
“Isso é medicamento? Como querem um parto normal sem medicar e sem ela ter forças. Só quero minha mulher viva, por favor façam alguma coisa”, pediu, emocionado.
Maria Leonila, mãe da jovem, está revoltada com a saúde do Estado.
“Estou muito abatida pela falta de respeito com a população. É triste ver minha filha naquele leito e ninguém querer ajudar. Ficarei até o fim do lado dela”, afirmou.
O que diz a Sesa
Diferente do que diz a família, a secretaria diz que Josimara Santana Agenor está internada há dois dias no Hospital da Mulher Mãe Luzia, “apresentando diagnóstico de óbito fetal”. A direção da unidade esclareceu que, nesses casos, o corpo médico segue o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, que prevê que a retirada do feto deve ser feita por parto normal.
Segundo a nota, a paciente deu entrada na unidade às 20h50min de terça-feira (23), com “quadro de pré-eclâmpsia e foi medicada para estabilizar a pressão”. Hoje, ela segue com quadro estável e apresenta dilatação suficiente para o parto normal, não havendo necessidade de cesariana, diz a nota.
A nota só não explica porque o parto não é realizado logo, já que há dilatação suficiente para isso.
Foto de capa enviada pela família