Por ANDREZA SANCHES (contribuição do Portal Amapá 360)
No Dia Mundial da Sensibilização ao Autismo, o portal amapa360.com conta a história da assistente social santanense, Aline Reis Pereira e de seu filho Gustavo, que foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos oito anos. Um relato que não fala só do autismo, mas expressa a realidade que acompanha milhares de famílias. Da angústia pelo desconhecido, do medo da rejeição das pessoas, dos quebra-cabeças do autismo.
Aline Reis tem 34 anos e é mãe do pequeno Gustavo, 10 anos. Há dois anos, a assistente social teve o filho diagnosticado com autismo. A aflição por não entender as dificuldades de Gustavo e de que forma poderiam dar suporte, levaram Aline e o esposo a buscar ajuda.
A família iniciou uma série de visitas a especialistas na rede pública de saúde. Psiquiatras e neurologistas descartavam o autismo, até que Aline conseguiu atendimento em uma unidade da Rede Sarah, onde confirmou a patologia, quando Gustavo já tinha oito anos. O menino tem autismo de um nível leve a moderado, diagnóstico que transformou o dia a dia de Aline como mãe.
“Ninguém se prepara para o autismo, ele chega de surpresa”, diz Aline Reis.
O diagnóstico veio tardio, Aline notou que Gustavo tinha algo diferente, quando percebeu que aos dois anos, ele não começou a andar como as outras crianças e pouco interagia.
“O autismo é invisível, não tem uma marca no corpo, uma característica e em geral não há nenhum exame em que ele possa ser visto e por ser invisível, eu como mãe, me sentia confusa”.
O TEA pode acarretar um comportamento hiperativo ou limitações na coordenação motora, nos níveis de atenção, no aprendizado escolar ou em atividades cotidianas. Características que Aline, o esposo e os outros dois filhos aprenderam a observar e entender diariamente. Aos 10 anos, Gustavo vem se desenvolvendo com sociabilidade. Com limitações cognitivas, o garoto estuda e já está adaptado à escola, onde recebe o carinho de quem o cerca.
No sentimento dos pais, a angústia ainda incomoda, o medo da rejeição e o desejo pela empatia das pessoas, mesmo diante de tanta conscientização, ainda são permanentes.
“Não é fácil ser mãe e pai de autista, matamos leões todos os dias. Ficamos apreensivos se as limitações serão entendidas, porque nós mesmos ainda temos dificuldade de saber até que ponto é uma crise ou é uma birra. Temos receio de como vão tratá-lo longe dos nossos olhares”, expõe a mãe.
Aline diz não enxergar o autismo com máscaras, pois há muitas dificuldades entorno da patologia, sobretudo quando se fala em oportunidades para o tratamento e acompanhamento de um autista.
“Nós pais, vivemos constantemente em busca de atendimento com uma série de profissionais especialistas. O sistema de saúde é precário, e se você não tiver condições, dificilmente você vai ver seu filho evoluir”, lamenta a assistente social.
As incertezas, os medos e as ansiedades não passarão, mas Aline conta que aos poucos a família aprendeu outra maneira de ver o mundo e passou a conviver com novas formas de demonstração de afeto.
“Quando recebo um abraço do nada, sinto que meu filho tá me dizendo ‘te amo, mãe!’, esqueço as dificuldades, as crises, os gritos. O amor transcende um simples diagnóstico, passamos a amar com todas as limitações”, conclui emocionada.