Por DA REDAÇÃO
Recentemente notícias de mortes provocadas por mal súbito em jovens ganharam os holofotes da mídia no Amapá, chamando a atenção da população para uma tecla que os médicos vivem batendo: a importância do checkup, independentemente da idade.
Quem gosta de futebol deve se lembrar da fantástica história do goleador Washington Cerqueira, que teve a sua brilhante trajetória marcada pela superação de problemas de saúde que colocaram sua carreira, e sua vida, em risco. Em 1996, aos 21 anos, foi diagnosticado como portador de diabetes.
Aos 27 anos, outro exame diagnosticou que uma de suas artérias estava obstruída e, por isso, corria o risco de sofrer um infarto. Submetido a cirurgias de cateterismo e angioplastia, o atacante foi aconselhado a abandonar o futebol.
Jogador Washington, o Coração Valente, é uma das histórias mais emblemáticas para a medicina. Foto: Divulgação
Mas, ele não desistiu da carreira e menos de um ano após a cirurgia cardíaca, Washington entrou para o Livro dos Recordes ao se tornar o jogador com mais gols marcados em uma única edição do Campeonato Brasileiro, marca que persiste até hoje. A sua volta por cima rendeu-lhe o apelido de “Coração Valente”. Encerrou a carreira aos 35 anos.
A história de Washington é uma das mais emblemáticas para a medicina. Ela mostra que pessoas, mesmo sendo esbeltas e atléticas, podem ser acometidas de doenças silenciosas, que podem levar a morte a qualquer momento, por isso, é extremamente necessário um acompanhamento médico nas atividades físicas.
A cardiologista amapaense Ana Chucre investiga doenças do coração desde o feto até o idoso. Especialista em cardiopatia congênita, ela alerta que no Norte do Brasil, existe um leque enorme de pessoas com má formação do coração ou com alterações elétricas, problemas mais frequentes nos casos de mortes súbitas.
Ana Chucre, médica cardiologista amapaense. Foto: Arquivo Pessoal
A médica explica que todo indivíduo deve fazer um checkup nas suas faixas etárias marcantes da vida. No nascimento, por exemplo, o correto é fazer o exame ecofetal (até 28 semanas após o parto) para detectar se há algum problema cardíaco. Outra avaliação mais minuciosa deve ser feita quando a pessoa passar da primeira para a segunda infância: eletrocardiograma, ecocardiograma e raio-x do tórax. O terceiro checkup deve ocorrer na pré-adolescência, assim como na passagem da adolescência para a vida adulta. Já a partir dos 40 anos, o recomendável é que a bateria de exames seja feita anualmente.
A cardiologista esclarece que essas avaliações independem da prática de atividade com regularidade.
“As pessoas pensam que porque são magras e fazem atividade físicas estão totalmente protegidas e não frequentam o médico. Não pode ser assim. A pessoa pode parecer saudável, mas eu já tive pacientes com essa aparência e quando pedi um checkup encontrei casos de hipertensão, diabetes, colesterol alto, e até cardiopatia”, alerta.
Aliada à uma boa alimentação, atividades físicas são o segredo para ir mais longe. Foto: Ascom/GEA
Segundo ela, a maioria das pessoas só procuram o médico, sobretudo o cardiologista, quando sentem algum desconforto. Não deveria ser assim.
“Já encontrei cardiopatia em paciente de 57 anos que deveria ter sido descoberta desde quando ele nasceu ou durante o decorrer da vida. Ou seja, ele viveu a vida toda à beira da morte e não sabia porque só procurou médico quando sentiu um desconforto”, revela.
Dislipidemia
Segundo a cardiologista, a quantidade de pacientes com excesso de colesterol e triglicerídeo alto, além de jovens hipertensivos, assusta até os médicos.
“Geralmente esses são os sedentários, que passam a semana inteira comendo churrasco e tomando cerveja em excesso. Aí, a atividade física dele é jogar futebol com amigos, no fim de semana, aumentando o risco de uma arritmia cardíaca, outro grande causador de morte súbita”, esclarece.
Alimentação
Para Ana Chucre, uma alimentação saudável é a base de tudo. Aliada com atividades físicas regulares e orientadas, e acompanhamento médico, você vai longe. Essa combinação reduz praticamente a zero a possibilidade de uma pessoa sofrer morte subida por questões de saúde.
“A atividade física tem que ser orientada por um profissional. Quando eu tenho um paciente que apresenta indícios de problemas e ele pratica atividade física, eu entro em contato com o profissional físico dele para adotarmos medidas preventivas”.
Atividade física
Atividades físicas devem ser feitas sob orientação profissional. Foto: Arquivo/SN
É fácil encontrar, nas praças de Macapá, aqueles grupos de atividades física. Contudo, a médica alerta que eles têm que ser organizados e os profissionais têm que cobrar dos clientes exames de laboratório, avaliação do profissional de educação e avaliação médica, antes de começar os exercícios.
“As pessoas tem que procurar profissionais sérios. O educador físico tem por obrigação saber o histórico do paciente. E paralelamente, o paciente também tem que ter essa consciência de que é perigoso começar a fazer exercícios sem prévia avaliação”, alerta.
Foto de capa: Ascom/Sesc