A atleta que nasceu da bariátrica

A vida atlética de Raylana Kelly surgiu exatamente a partir de um problema de saúde. Ela foi diagnosticada com diabetes.
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Da REDAÇÃO

Quem vê o fôlego invejável da corredora de rua Raylana Kelly, que está sempre presente nos pódios de competições em Macapá, nem imagina que um dia ela já esteve na indesejável faixa de obesidade. Sim, essa atleta de rua que faz corridas puxadas três vezes por semana, pratica natação, faz treinos funcionais e ainda lhe sobra vigor físico para dar umas pedaladas pela capital amapaense.

A vida atlética de Raylana surgiu exatamente a partir de um problema de saúde. Ela foi diagnosticada com diabetes. A corredora conta que fazia atividades físicas, mas não baixava de peso.

Ela relembra quando decidiu mudar de vida: “Estava em uma crescente de ganho de peso. E ao fazer exames e verificar todas as taxas alteradas e a principal delas: diabética. Me assustei com esse diagnóstico. Então decidi procurar ajuda profissional. Avaliei primeiro com cirurgião geral, fui encaminhada pra endocrinologista e depois fui com demais profissionais, nutricionista, psicólogo e pneumologista”, relembra.

Raylana já subiu em pódios de diversas competições em Macapá. Fotos: Arquivo Pessoal

Após passar por uma equipe multiprofissional, Raylana Kelly optou em fazer uma cirurgia bariátrica. Foi do procedimento médico que nasceu a atleta. A decisão tomada pela corredora é o primeiro passo que muita gente precisa dar na direção de uma vida saudável. É o que afirma o médico Marco Serruya, que atende nas redes pública e privada do Amapá.

Especialista em cirurgia bariátrica, ele alerta sobre os perigos da pessoa permanecer acima do peso. “A obesidade é uma epidemia mundial, que não vem sozinha, ela traz consigo outros problemas”, alerta.

Segundo ele, a obesidade aumenta os riscos de hipertensão e diabetes. Causa sobrecargas no organismo inteiro, obrigando o coração a trabalhar mais, sobrecarregando o pâncreas e fazendo com que as células possam não responder adequadamente à questão da insulina. Além disso, pode levar a problemas de articulação no joelho, quadril, coluna e até ginecológicos.

Marco Serruya é especialista em cirurgia bariátrica

“E ainda tem os problemas psicológicos por causa da estigmatização social. A pessoa não compra uma roupa, fica com vergonha, tem a questão do bullying, no caso de crianças e adolescentes”.

Segundo o médico, a obesidade tem diversos graus a que as pessoas devem ficar atentas. A conta para saber se alguém está acima do peso ou na faixa de obesidade leva em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC), cálculo que pode ser feito na internet.

O resultado em que o IMC é considerado normal fica na faixa de 18 a 25. De 25 a 30, a pessoa está com sobrepeso. Acima de 30, está obesa. De 30 a 35, é o primeiro grau. De 35 a 40, grau dois, que já é uma obesidade considerada severa. A partir de 40, uma obesidade mórbida.

Serruya alerta as pessoas que ainda não estão na faixa de obesidade, mas possuem IMC entre 25 e 30.

“Não existe isso da pessoa achar que está acima do peso e achar que está saudável. Não está. Claro que estética também é saúde, sobretudo psicologicamente, no entanto, o fator principal da perda de peso é a saúde em geral”, explica.

O primeiro passo, assim como fez a corredora Raylana, é admitir que precisa buscar o tratamento.  Depois, existem várias portas de entrada: endocrinologista, psicólogo ou um nutricionista, entre outros.

“A obesidade é de tratamento multiprofissional”, reforça.

Contudo, ele esclarece que nem sempre a cirurgia é único caminho. Isto porque, de acordo com o Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica existe um protocolo a ser seguido, que é fazer o paciente ser avaliado a uma equipe multiprofissional. Na prática, ele acaba passando por um checkup.

A decisão deve ser tomada em conjunto com os profissionais de saúde que o avaliaram.

Para Marcos Serruya, a obesidade é de tratamento multiprofissional

“Ir a um cirurgião bariátrico não significa, obrigatoriamente, que você vai operar. Nós temos outras opções que não somente a cirurgia bariátrica. Por exemplo, o balão intra-gástrico colocado por endoscopia e medicamentos”.

E apara ainda está na dúvida, a corredora Raylana Kelly deixa o recado: “O que se deve fazer é procurar um profissional para avaliar e indicar o melhor tratamento. Quanto mais cedo, melhor, e não ter medo de seguir em frente em caso de indicação cirúrgica. O único temor que deve ter é o de permanecer doente”, ensina.

Obesidade na infância

Marco Serruya também alerta para a obesidade na infância. Ele analisa que, nos dias de hoje, as crianças ficam muito mais estáticas, na frente de um celular, encantada por um videogame, e não brincam com exercícios físicos. Esse e outros fatores relacionados a hábitos alimentares fast food resultaram no aumento da incidência de obesidade infantil, e ainda temos os fatores genéticos.

“Uma criança obesa tem tendência maior de ser um adulto obeso. Os pais tem que estar cientes da mudança nos hábitos alimentares, estimular atividades físicas, claro, sempre tudo orientado por profissionais habilitados como nutricionistas, psicólogos infantis, pediatras e endócrino-pediatra”, recomenda.

Foto de capa: Arquivo Pessoal

Seles Nafes
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