À venda, Jari Celulose atrasa salários e tenta renegociar dívidas

Empresa deve cerca de R$ 1,2 bilhão, e estaria sendo negociada pelo Grupo Orsa
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Por SELES NAFES

A Jari Celulose, localizada no município paraense de Almeirim, na divisa com o Pará, enfrenta uma de suas piores crises, com salários atrasados há cerca de dois meses, e na iminência de ser vendida.

A empresa continua produzindo, e muito. Esta semana, só um navio de bandeira chinesa vai partir do porto da Jari levando para a Ásia mais de 12 mil toneladas de celulose.

A empresa começou a sair do papel em 1960, idealizada pelo bilionário americano Daniel Ludwig. No Japão, ele mandou construir a fábrica em partes que foram levadas em balsas até Almeirim, onde tudo foi montado.

Em 2000, o grupo Orsa adquiriu a empresa pelo preço simbólico de US$ 1, com a condição de assumir um passivo de US$ 100 milhões em dívidas, e investir US$ 200 milhões.

Em 2011, os débitos foram quitados, e o grupo passou ser dono da fábrica, em definitivo. Contudo, a empresa contraiu um empréstimo de R$ 600 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não consegue pagar.

Elevação chegou até a área urbana do município. Foto: Gesiel Oliveira/Arquivo SN

A dívida foi renegociada algumas vezes, mas a empresa não teria honrado com as parcelas. Em 2017, os controladores tentaram ganhar apoio político para forçar o banco a renegociar, mas não obtiveram sucesso.

“Pegaram o dinheiro do BNDES, melhoraram outras empresas do grupo, venderam algumas, e não fizeram quase nada pela Jari. Agora querem renegociar e o BNDES não quer”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Celulose (Sintracel), Ivanildo Quaresma Uchoa.

Futuro incerto

Hoje, a dívida da Jari Celulose é calculada em R$ 1,2 bilhão. Recentemente, a imprensa especializada em negócios revelou que o empresário Sérgio Amoroso, que controla o grupo Orsa, negocia a venda parcial ou até total da planta no Amapá.

Trabalhadores estão há 2 meses sem receber salários

Enquanto não há uma definição, os 2,5 mil trabalhadores diretos e terceirizados estão apreensivos. Sem receber há dois meses, eles se juntaram esta semana a profissionais demitidos em 2017 por uma das maiores prestadoras de serviços da Jari. A empresa não estaria pagando o parcelamento das dívidas trabalhistas acertadas com os ex-funcionários.

Apesar de estar no Pará, a Jari e as empresas que orbitam o complexo são a principal força econômica no sul do Amapá, onde oferta de emprego é algo raro. Juntas, as cidades de Vitória e Laranjal do Jari possuem cerca de 70 mil habitantes que dependem do comércio, funcionalismo, agricultura e da celulose.

O medo é de que o fechamento ou a redução brusca das atividades do grupo piorem o que já está ruim.

 

Seles Nafes
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