Ex-governador acusado de reter dinheiro de consignados presta depoimento à Justiça

Camilo Capiberibe, acompanhado do seu advogado, Antônio Kléber, ex-procurador geral do Amapá na gestão do ex-governador. Os valores retidos indevidamente chegariam a R$ 54,8 milhões, segundo a ação
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Por RODRIGO INDINHO

O ex-governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), prestou depoimento à juíza Alaíde Maria de Paula, da 4ª Vara Cível e de Fazenda Pública, na manhã desta segunda-feira (20), no fórum de Macapá.

Ele é acusado, em uma ação cível movida pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), de reter o dinheiro descontado da folha de pagamento do Estado e não repassar aos bancos que fizeram empréstimos consignados a funcionários públicos. Os valores retidos indevidamente chegariam a R$ 54,8 milhões, segundo a ação.

Ex-governador chegou ao Fórum de Macapá, por volta de 7h30. Fotos: Rodrigo Indinho/SN

O ex-governador chegou por volta de 7h30, acompanhado do seu advogado, Antônio Kleber de Souza dos Santos, ex-procurador geral do estado na gestão de Camilo. Uma hora depois a audiência terminou. Em depoimento, Camilo, que agora é deputado federal, negou as acusações. Ele conversou com o Portal SelesNafes.Com.

“Uma ação absolutamente infundada. Governei durante 48 meses, e nunca teve nenhum servidor com seu nome negativado na minha administração, o Estado nunca foi acionado por nenhuma instituição financeira para ser cobrado de recursos de empréstimos consignados. Refizemos todo o planejamento do Governo do Estado, separamos os recursos, para os repasses serem feitos. Estou com a consciência tranquila”, afirmou o ex-governador.

Camilo agora é deputado federal. Foto: Ascom

O atual procurador geral do estado, Narson Galeno, anunciou que além da ação administrativa, vai requerer ao Ministério Público Estadual que ajuíze uma ação penal contra Camilo Capiberibe. Ele também contrapôs a versão apresentada até aqui pela defesa de Camilo.

“Ele deve responder criminalmente por essa dívida que deixou para o Estado Ele usa em sua defesa que as contas do estado acabaram sendo bloqueadas no final do mandato, em 2014. Contudo esse bloqueio foi em relação à folha de pagamento, para pagar fornecedores. Na realidade, os consignados não foram pagos. Há a informação de que ele [Camilo] havia deixado R$ 6 bilhões nos cofres do Amapá. Se deixou esse valor de R$ 6 bilhões, porque não repassou os R$ 54 milhões aos bancos?”, questionou Narson Galeno.

Além de Camilo, outros três ex-secretários de Estado e um ex-gestor de autarquia são arrolados no processo: Azolfo Gemaque, da Administração (Sead); Jardel Nunes, da Saúde (Sesa); Jucinete Alencar, de Receita (SRE); e Alípio Junior, do Centro de Gestão da Tecnologia da Informação (Prodap).

Camilo prestou depoimento na manhã desta segunda-feira (20)

De acordo com a denúncia, os valores, descontados dos salários dos servidores, foram retidos em 2014. Em 2015, Alaíde de Paula aceitou a denúncia da PGE. No ano seguinte, ela determinou o bloqueio de bens dos cinco acusados, no valor de R$ 54 milhões.

As audiências com Camilo Capiberibe e dos ex-secretários estão acontecendo de forma fracionada. Na quinta-feira (16), foram ouvidos os ex-secretários Azolfo Gemaque e Jardel Nunes. Na sexta-feira (17), Jucinete Carvalho, da Fazenda. Nesta segunda-feira (20) foi o ex-governador Camilo Capiberibe e na terça-feira (21) será ouvido Alípio Júnior. Depois disso, serão ouvidas as testemunhas do processo.

Seles Nafes
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