“Não tenho indicação, mas tenho minha fé”, diz candidata em fila de desempregados

Empresa de vigilância chegou a informar não ser preciso ficar na frente do prédio, mas candidatos fazem fila
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Não é novidade para ninguém a difícil situação econômica pela qual o país está passando. Também aqui, no estado do Amapá, podemos verificar a gravidade da crise, que tem algumas das suas maiores expressões nos altos índices de violência urbana e, especialmente, no desemprego.

Por conta dessa situação, quem passou na quarta (22) e na quinta-feira ( 23) pela Rua Eliezer Levy, esquina com a Rua Marcílio Dias, no Bairro do Laguinho, zona norte de Macapá, viu grandes filas em frente a uma empresa que presta serviços de vigilância.

Fila na frente da empresa, após informação de vencimento de licitação. Fotos: Marco Antônio P. Costa

Ali se misturaram histórias de vida e esperança na busca por um emprego com carteira assinada. Júnior Oliveira, de 44 anos, é um dos que está na esperança por uma vaga.

“Estamos aqui desde ontem porque essa empresa ganhou uma licitação e vai precisar contratar. Aqui somos todos vigilantes. Eu tenho 22 anos trabalhando só nessa área, trabalho na vida desde os meus 18 anos, mas estou desempregado há três anos já”, afirmou Oliveira.

Júnior Oliveira: vigilante há mais de 20 anos. Esperando oportunidade para retomar vida profissional

Ana Cristina (foto de capa), de 44 anos, mãe de três filhos, trabalha desde a infância. Hoje é diarista e já foi doméstica, babá e serviços gerais. Ela faz questão de dizer que ser dona do lar é trabalho pesado. Saiu da empresa anterior porque estava com o salário atrasado por oito meses e até hoje não conseguiu receber o atrasado, que está na justiça do trabalho.

Moradora do bairro Novo Horizonte, zona norte de Macapá, vive das diárias que consegue fazer e seu marido ajuda quando consegue serviço de capinar quintais e outros serviços braçais.

“Não está fácil, mas continuo lutando, eu já sou vigilante há 12 anos e sonho ter de volta um emprego com carteira assinada. Eu não tenho indicação, mas tenho minha fé, então vou por mim mesmo e com Deus e espero conseguir uma vaga. Estou há dois meses vindo aqui nessa empresa e estou aqui desde ontem, fui em casa e voltei cedo. A empresa nos informou que não precisa ficar aqui na frente, porque eles ainda estão resolvendo as coisas dos documentos lá da licitação, mas ninguém quer perder a chance, né?” falou esperançosa, Ana Cristina.

Candidatos procuram a empresa todos os dias

Hermes Pantoja, de 62 anos, também está há três anos desempregado. Enquanto aguardava, ele que estava ali atrás de emprego para si próprio e para os filhos começou a executar um serviço de pintura na lateral da empresa.

“Aqui não tem tempo ruim, a gente quer é trabalhar. Tenho fé que tudo vai dar certo”, afirmou o vigilante e pintor.

Hermes Pantoja; sem tempo ruim para trabalhar

Desemprego no Amapá
No último dia 17 de maio, com 20,2% de taxa de desocupação, o Amapá entrou pelo sexto trimestre seguido com o maior índice de desemprego entre os estados brasileiros. Os dados são do relatório da Pequisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Apesar disso, o relatório indica que, no comparativo com o mesmo período do ano passado, o índice de desocupação diminuiu 1,3% no Amapá.

Seles Nafes
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