Por OLHO DE BOTO
A Equipe Captura, da Polícia Civil do Amapá, conseguiu localizar e prender, em Macapá, o ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL) da Assembleia Legislativa, Janiery Torres Everton, de 33 anos. Ele era considerado foragido desde 2017, quando foi condenado por fraude em licitação para fornecimento de passagens aéreas, no mesmo processo que condenou os ex-deputados Moisés Souza e Edinho Duarte.
A prisão ocorreu na manhã desta segunda-feira (17). Segundo a polícia, Janiery e os ex-parlamentares deram um prejuízo de mais de R$ 4 milhões aos cofres públicos, desviados a partir de fraudes em licitações para aquisição de passagens aéreas.
“Como presidente da CPL, ele [Janiery] assinava os pareceres para embasar dispensas de licitações para fazer contratos emergenciais e contratar a empresa que já era a carta marcada. Segundo os autos do processo, a empresa recebeu R$ 5 milhões referentes à compra de passagens aéreas, mas na verdade, só foi gasto com passagens R$ 1 milhão. Era dessa forma que o desvio ocorria”, resumiu o delegado Fábio Araújo, diretor do Departamento de Polícia Especializada, responsável pela prisão de Janiery.
Segundo o delegado, o ex-presidente da CLP da Assembleia foi condenado em 2018 a 7 anos e um mês de prisão (já em segunda instância), em regime semiaberto, por peculato (desvio de recursos públicos), fraude em licitação e associação criminosa. Porém, desde julho do ano passado a polícia o procurava. Contudo, desde que foi expedido o mandado de prisão para cumprimento da pena, o paradeiro de Janiery passou a ser incerto. Para evitar a prisão, ele alugou vários imóveis e fazia mudanças constantemente. Segundo o delegado, ele até mudou a aparência para despistar a polícia.
“Ele morou em casa de conhecidos, alugava casas em pontos diferentes da cidade e ninguém sabia em qual desses imóveis ele ia dormir. Ele deixou crescer a barba para não ser reconhecido”, revelou o delegado.
Porém, no último mês a Equipe Captura intensificou as buscas pelo condenado e descobriu que ele havia alugado um imóvel em frente à casa da sua mãe, para facilitar as visitas. Os policiais então fizeram uma campana na casa dela e conseguiram prendê-lo, no bairro Renascer, na zona norte de Macapá.
A polícia acredita Janiery alugava os imóveis e vivia com o dinheiro desviado da fraude, já que pagava regiamente os alugueis das casas onde se escondia.
“Ele não está trabalhando desde a época da Operação Eclésia. Quem não tem dinheiro não aluga várias casas, ele tinha um porte financeiro para isso. Se não tá trabalhando, vai tirar dinheiro de onde? Com certeza estava vivendo do que angariou com essas condutas ilícitas”, presumiu o delegado.
As investigações e ações da Operação Eclésia ocorreram entre os anos de 2011 e 2012. Moisés Souza segue em prisão domiciliar e Edinho Duarte cumpre pena no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), para onde Janiery foi encaminhado na manhã desta segunda-feira.
Foto de capa: Divulgação/PC