Por RODRIGO INDINHO
A cena de um pai chorando pelo filho, que está internado e precisa urgentemente de cirurgia cardiológica, chamou a atenção durante a paralisação de advertência desta quarta-feira (5), em frente ao Hospital de Emergência de Macapá. O ato é organizado por sindicatos da área da saúde.
Seu Josimar Sousa do Carmo, de 45 anos, é da Colônia do Matapi, região rural de Porto Grande. Ele teme perder seu filho, de 20 anos.
“Só Deus na causa, porque aqui nem remédio tem e como não tem recurso eles não podem fazer o procedimento. Estou desesperado e apoio a manifestação para que todos sejamos dignos de uma boa saúde”, emocionou-se.
Otília Aragão, de 70 anos, veio da comunidade de Maracá, em Mazagão. Ela também está com o filho internado precisando de uma cirurgia na cabeça. Desacordado há 16 dias, o homem de 52 anos também não passou pelo procedimento que precisa.
“Queremos uma resposta de quando vai andar o processo dele. Para completar, não estamos mais dando conta de comprar o remédios que eram para eles nos dar. Ele tá muito mal e nem se mexe mais. Nem material tem aí, mas ainda tenho esperança de ver meu filho bem”, relatou a idosa.
Paralisação de advertência
Em Macapá, profissionais e sindicatos de diversas áreas da saúde que atuam nas principais unidades de saúde do Estado realizaram uma paralisação de advertência. A manifestação foi motivada pela falta de estrutura nos hospitais, condições de trabalho, o não reajuste concedido à categoria anunciado pelo governo do Estado e o atraso do auxílio-jaleco.
“O governo nos abandonou, falta tudo nos hospitais e estão todos superlotados. Hoje o trabalhador da saúde não pode mais carregar a saúde nas costas, queremos melhorias”, falou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde), Alcilene Furtado.
Os organizadores informaram que farão outro ato na manhã de quinta-feira (6) em frente a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Sobre os motivos da paralisação, a secretária de Estado da Saúde, em exercício, Clélia Gondin, informou que analisa propostas que devem ser apresentadas à categoria no dia 14 de junho.
“Estamos na construção não só de melhoria de condições de trabalho ao servidor, mas sem deixar de ponderar nas questões que necessitamos, que é melhorar a assistência a saúde”, informou.