Afinal, por que existe a brincadeira entre Mazagão e “conserva”?

Localizado a 36 Km de Macapá, Mazagão é uma das cidades mais antigas do estado, ainda da época do Brasil Colônia.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Todo dia 25 de julho ocorrem as comemorações do padroeiro católico de Mazagão, São Tiago. E todos os anos quando os festejos se aproximam, a brincadeira sobre a relação entre conserva – a carne enlatada – e Mazagão toma conta das ruas e das redes sociais.

Esse traço que acabou virando uma gozação saudável, tem raízes históricas e demonstram a existência de um povo que soube suportar dias difíceis. Falar de Mazagão, é falar de um pouco da história antiga e moderna do Amapá.

Desde sua fundação, Mazagão tem uma história ligada ao enfrentamento de dificuldades com muita coragem. Fotos: Arquivo/SN

Localizado a 36 Km de Macapá, Mazagão é uma das cidades mais antigas do estado, ainda da época do Brasil Colônia. Desde sua fundação, Mazagão tem uma história ligada ao enfrentamento de dificuldades com muita coragem.

Nos primeiros anos, foi o cólera o principal obstáculo. Com o passar dos tempos, já no século XX, o isolamento e o desenvolvimento econômico lento se tornaram as principais barreiras.

É desta época, da segunda metade do século XX, que começa a associação da cidade com a carne bovina enlatada, popularmente conhecida no Amapá como “conserva”.

Professor Carlos Alberto explica a origem da brincadeira. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

“A ligação terrestre entre Macapá e Mazagão data da década de 1970, antes disso, a ligação era apenas fluvial, pelos rios Mutuacá, Anaerapucu, Rio Mazagão, Matapi e Vila Nova, e era longe. As pessoas vinham para cá e levavam nos seus mantimentos muitos enlatados, principalmente conserva. Quando as pessoas iam visitar Mazagão, uma vez no ano, na festa de São Tiago, reparavam nos lixeiros muita lata de conserva, porque não era comum a criação de boi na região, além do seu preço elevado”, explica o professor de história Carlos Alberto.

O historiador acrescenta que o fator energia foi determinante, pois a hidroelétrica de Coaracy Nunes foi inaugurada apenas em 1975, e, antes disso, ou não se tinha energia elétrica, ou então tinha apenas em alguns poucos pontos do município – e apenas em alguns horários.

Aliados ao bom humor peculiar do povo amapaense, por esses fatores começou a brincadeira. Hoje em dia, as piadas vem em forma de memes das redes sociais, onde mochileiros vão para Mazagão carregados de conserva. Antes, contava-se, que cachorro em Mazagão vivia rindo, pois perdiam parte dos lábios de tanto revirar as latinhas de conserva nos lixeiros.

Brincadeiras à parte, Mazagão vive um dos principais momentos de sua existência. Cidade bonita, bem “conservada”, e pertencente à região metropolitana de Macapá e Santana, após a conclusão das pontes sobre os rios Matapi e Vila Nova as oportunidades de desenvolvimento são cada vez mais tangíveis.

Obviamente, não sem as contradições que o desenvolvimento pode trazer, como a violência urbana. Mas, enfrentar dificuldades, como demonstra a história de Mazagão, nunca foi um problema para os mazaganenses.

Seles Nafes
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