Por RODRIGO INDINHO
Metade da chuva esperada para o mês inteiro de julho, em Macapá, caiu apenas durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira (17).
Enquanto que para os 31 dias são esperados 200 milímetros (mm) de precipitação pluviométrica, em apenas cinco horas, choveu o suficiente para alcançar 100 mm. A informação é do Núcleo de Hidrometeorologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Amapá (Iepa).
De acordo com o meteorologista do Iepa, Jeferson Vilhena, nesses 17 dias de julho, já caíram na capital amapaense 180 mm dos 200 mm previstos. Ele destacou que o clima está em um período de transição entre a estação chuvosa e a estiagem, que dura cerca de três meses.
“A estiagem não é a finalização da chuva, é quando as chuvas ficam abaixo de 60 milímetros por mês. Estamos exatamente tendendo para este período de estiagem, que normalmente, começa em agosto, se estende pelos meses de setembro e outubro, e se finaliza em meados de novembro”, explicou o meteorologista.
Conforme ele, chuvas como a que caiu durante esta madrugada, ainda podem ocorrer, já que o período de transição vai até o fim de julho e início de agosto.
Além de Macapá, a forte chuva que iniciou na madrugada era prevista para os municípios de Santana, Porto Grande, Ferreira Gomes, Cutias e Mazagão. Contudo, a intensidade sobre a capital surpreendeu as previsões. Vilhena ressaltou que ainda há algumas previsões de chuva para este mês.
Pontos de alagamento
As pancadas de chuva causaram transtornos e alagamento na capital. A região central voltou a apresentar problemas, sobretudo com lentidão no trânsito em alguns pontos. Mesmo com a maré baixa, pela manhã, as principais ruas da cidade continuavam alagadas e os transtornos eram visíveis.
Por volta de 9h30, o aposentado Irandil de Espírito Santo, de 76 anos, teve de encarar o aguaceiro que batia no joelho, no cruzamento da Rua Hamilton Silva com a Avenida Marcílio Dias, no acesso até sua casa, no bairro do Jesus de Nazaré.
“Aqui em Macapá é que nem aquele comercial que diz que ‘os carros são como as lanchas, as motos são como os Jet Ski’s e os pedestres são como os banhistas’. O jeito é enfrentar a água e correr o risco de ser molhado, pegar uma doença ou cair, porque, se for esperar escoar, vai demorar muito”, reclamou, antes de seguir andando pela área alagada.
Em outros principais pontos que interligam a cidade, a chuva deixou o trânsito lento, como nas ruas Jovino Dinoá e Leopoldo Machado. A inundação fez os condutores de veículos se arriscarem ou organizar um desvio nos locais inundados.
O eletricista Wilrison da Silva, de 25 anos, decidiu se arriscar para poder chegar a tempo no trabalho. Com sua moto, ele veio do bairro Marabaixo, na zona oeste, e enfrentou diversos pontos de alagamentos no trajeto.
“Não é fácil enfrentar todos esses obstáculos nas ruas para poder conseguir trabalhar. Tenho que me arriscar, preciso trabalhar, mesmo que chegue todo molhado e atrasado. O curioso é que qualquer chuva deixa assim. Tem lugares que não dá para passar. É lamentável viver assim”, indignou-se.
Ainda pela manhã era possível ver pessoas tirando água de suas casas.